Infraestrutura: Trilhas
Torres e Passarelas de Copada
Canopy Towers & Walkways

Organização / Autoria: Roberto M.F. Mourão, ALBATROZ Planejamento

 

Trilhas Aéreas Artificiais para Educação, Estudo e Pesquisa.

As Torres e Passarelas de Copada (Canopy Towers & Walkways), podem consideradas trilhas suspensas.

Pode ter usos diferenciados:

  • Entretenimento e Lazer
  • Educação Ambiental
  • Estudos e Pesquisas

Associadas ou não, são estruturas desenvolvidas para possibilitar e facilitar o acesso, a um custo moderado, para observação amadora contemplativa, como a feita por ecoturistas, estudo e educação ambientais, e pesquisa de florestas ou segmentos florestais.

Passarelas de Copada podem ser consideradas como “trilhas” artificiais, que se prestam à observação contemplativa ou interpretada. 

Elas permitem tanto a simples observação de flora e fauna, como também que pesquisadores realizem observação de longa duração e coleta de dados numa área definida e fixa.

Vida na Copa das Árvores

Estima-se que 70 % da vida na floresta tropical ocorre nas copas das árvores.

As árvores de uma floresta estão distribuídas em faixas de altura, estratos ou andares, indo da vegetação ao alcance dos olhos até as árvores mais altas, que se destacam acima do dossel. Todos esses estratos co-habitam, permitindo uma ocupação inteligente e cooperação entre as espécies.

Em processos de regeneração florestal biodiversas, entendemos que cada espécie tem sua classificação sucessional e características ecofisiológicas e morfológicas, como a necessidade de mais ou menos luz, altura e ciclo de vida.

Entender os estratos é fundamental para otimizar um projeto de recuperação, plantando espécies que formarão a floresta.

A Floresta Tropical Primária é dividida verticalmente em pelo menos 5 camadas:

  1. estrato arbóreo superior / árvores emergente;  
  2. estrato arbóreo médio / teto ou dossel;
  3. estrato arbóreo inferior / sub-bosque; e
  4. estratos arbustivo ou herbáceo,
  5. além do chão da floresta.

As emergentes refere-se às coroas de árvores emergentes que se elevam 6 a 30 metros acima do dossel.

O dossel é o teto denso de árvores bem espaçadas e seus ramos, enquanto o sub-bosque é o termo para espécies de árvores menores e mais jovens, que formam uma camada quebrada abaixo do dossel.

A camada de arbustos ou estrato herbáceo é caracterizada por espécies arbóreas e árvores juvenis que crescem apenas a 1,5 a 6 metros do chão da floresta.

canopy floresta tropical harpy eagleO chão da floresta é a camada do solo da floresta composta de troncos de árvores, fungos e vegetação de baixo crescimento.

Essas camadas nem sempre são distintas e podem variar de floresta para floresta, mas servem como um bom modelo das estruturas vegetativas e mecânicas da floresta.

Cada camada tem suas próprias espécies únicas de plantas e animais que interagem com o ecossistema ao seu redor. 

A incrível diversidade de fontes de alimentos e nichos únicos das árvores do dossel sustentam uma grande variedade de espécies animais.

Os animais geralmente se reúnem em torno de uma árvore florida, o que faz das árvores neste estágio alguns dos melhores locais para ver a vida selvagem. 

canopy floresta tropical preguica filhoteEm lugares como esses, onde a comida é abundante, os animais configuram territórios, mas, como a cobertura das folhas do dossel afeta as exibições territoriais visuais, a maioria dos animais depende de sinais sonoros.

Assim, alguns dos animais são os moradores do dossel.

Muitos primatas emitem uivos e gritos, enquanto as aves usam trinados e canções para que outros animais saibam que estão entrando no espaço deles.

Caminhos comuns, muitas vezes levando a árvores frutíferas, onde muitos animais podem passar no decorrer do dia são bem usados ​​e muitas vezes livres de epífitas. Estes formam trilhas nas árvores.

Da mesma forma, as áreas no dossel sem vegetação formam corredores de vôo usados ​​por numerosas espécies, especialmente as aves de rapina que muitas vezes atacam suas presas de baixo. Essas trilhas de vôo estão incorporados na memória de morcegos e aves.

canopy floresta tropical serrapilheira costa ricaNo solo, sobretudo nas florestas tropicais e equatoriais, como a Floresta Amazônica, a camada que reveste o solo chamada serrapilheira, “manta morta” ou “liteira” é a camada formada pela deposição e acúmulo de matéria orgânica morta em diferentes estágios de decomposição que reveste superficialmente o solo ou o sedimento aquático.

É a principal via de retorno de nutrientes ao solo ou sedimento.

Na foto ao lado, pode-se observar a diversidade e a umidade que produzirá o humus necessário para a fertilização.
(Foto © Roberto M.F. Mourão, 1998)

Histórico de Pesquisa em Copadas

A pesquisa de copadas sempre esteve limitada pelas dificuldades de acesso.

Durante a década de 80, foram desenvolvidas várias técnicas de baixo custo, tais como escalada em corda ou rapel, escadas e torres.

Também foram desenvolvidos dispositivos que facilitam a pesquisa simultânea por um grupo de pesquisadores, mas muito mais caros, como por exemplo, o dirigível de Hallé e Blanc ou gruas.

Ao se planejar torres ou passarelas, deve-se ter em mente a correlação entre custo do método de acesso e o número de pesquisadores ou visitantes que poderão utilizar o dispositivo com segurança.

Escalada em Corda ou Rapel

Provavelmente é o método de acesso mais antigo e usado para se atingir estratos superiores de florestas para investigação.

Esse método oferece a flexibilidade e facilidade de acesso, mas tem suas limitações:

  • é inseguro à noite ou com tempo rigoroso
  • trabalho conjunto é praticamente impossível
  • observações de longa duração são em geral desconfortáveis
  • acesso no sentido horizontal é limitado
  • medidas de precisão são dificultadas pelo movimento pendular da corda.
Plataformas / Passarelas / Pontes Pênseis

canopy walkway danum valley borneo legendaCanopy walkway, Danum Valley Park, Danum Valley Conservation Area, Ulu Segama Forest Reserve, Malasia.

Plataformas

Plataformas são estruturas intermediárias e de apoio, em geral fixadas em árvores-tema, que servem para conectar passarelas, permitindo inclusive interpretação e/ou acesso a plataformas ou passarelas em outros níveis (inferior ou superior), dando continuidade ao circuito.

Podem dar acesso ao solo ou a mirantes panorâmicos acima da copada da mata circundante. Alguns conjuntos aproveitam desníveis de solo para acesso, evitando o uso de escadas, possibilitando seu uso por deficientes físicos ou pessoas idosas ou com dificuldade de locomoção.

Passarelas (ou Pontes-Pênseis)

Passarelas são alternativas de observar e/ou estudar copadas e extratos superiores da floresta tropical, de forma confortável, permanente e facilitam estudos a curto, médio e longo prazos. Esse sistema modular, que consiste em pontes interconectadas e plataformas, de custo moderado, permite acesso fácil para usuários, além de ser de fácil manutenção e de grande durabilidade.

Pontes Pênseis

canopy veracel veracruz ponte pensil 42metrosPonte Pênsil ou Ponte Suspensa é um tipo de ponte sustentada por cabos ou tirantes de suspensão. As primeiras pontes suspensas modernas, com plataformas niveladas, são datadas dos século XIX, porém existem relatos desse modelo de ponte desde o século III. Passarela suspensa é um modelo de ponte pênsil utilizado em áreas rurais geralmente para vãos superiores a 20 metros, onde são realizadas travessias de pedestre, bicicletas e motocicletas.

As pontes de suspensão simples, que são utilizadas por pedestres ou por rebanhos animais, são construídas de acordo com as antigas pontes de corda Incas. No caso das passarelas de copada, elas são os elementos que unem as plataformas fixadas nas árvores.

Provavelmente o primeiro conjunto torre-ponte pênsil construída no Brasil especificamente para educação e sensibilização ambientais, foi implantada na RPPN Estação Veracel, em Porto Seguro, Bahia, em 1996. (Foto © Roberto M.F. Mourão, 1996)

A RPPN Estação Veracel, criada e mantida pela Veracel Celulose é a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural de Mata Atlântica no Nordeste brasileiro. Está localizada nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia.

São mais de 6 mil hectares de floresta de mata atlântica preservada. Reconhecida pela Unesco como Sítio do Patrimônio Mundial Natural, pelo seu importante papel na proteção de espécies da fauna globalmente ameaçadas de extinção. Abriga 115 nascentes e é responsável por serviços ecossistêmicos que extrapolam suas fronteiras.

Promove a manutenção de polinizadores naturais para as comunidades do entorno em suas produções agroflorestais, conecta fragmentos florestais formando corredores que permitem a troca genética e a viabilidade da vida e contribui para o equilíbrio climático da região e do planeta. Um ambiente natural protegido e monitorado onde são realizadas atividades de pesquisa científica e educação ambiental com crianças e jovens de escolas das comunidades de seu entorno.

Torres

Torres são as estruturas, ou partes de um conjunto, que permitem o acesso e a interpretação vertical de uma árvore ou de um conjunto de árvores, podendo ser construídas paralelamente ou contornando o fuste, de forma a aproveitar ao máximo a arquitetura da ramada.

Em sua construção deve-se pensar em estágios ou plataformas em níveis de observação progressiva, a partir do solo, passando pelo sub-bosque, copada e, finalmente, atingindo a parte superior à copada, para visão panorâmica de 360º.

Atenção especial deve ser dada aos aspectos segurança e conforto de ascensão, levando-se em conta que torres devem ter seu uso adequado a vários públicos: crianças, adolescentes, adultos e idosos em boas condições físicas.

Facilidade para a Observação da Fauna e Flora

Muitos ecoturistas “de primeira viagem” se desapontam pela dificuldade de observar a fauna em florestas tropicais. Uma das razões é que a maioria das espécies vivem entre 18 e 45 metros, nas copas das árvores, camuflados e ocultos na densa vegetação. Torres, plataformas e passarelas são estruturas que permitem a observação da flora e da fauna de um ponto de vista pouco usual do homem, ou seja, que geralmente é limitado `a observação horizontal ou do chão para o alto.

Desvantagens Potenciais para Pesquisa

Comparadas com outros métodos de acesso, há 2 desvantagens potenciais ao uso de torres e plataformas e passarelas para pesquisa:

  1. As estruturas são fixas e não é possível remanejá-las com propósitos de pesquisar e comparar locais diferentes;
  2. Há uma possibilidade de que organismos (flora e fauna) das copas das árvores utilizarem as passarelas e suas partes construtivas como pontes e ou suporte, tendo sua mobilidade natural alterada.
Torres e Passarelas: Indutores de Fluxo de Visitantes

canopy kakum silhueta TomAinsworth JohnKelson IanGreen 1998 baixaUm excelente uso de passarela de copada é o Kakum National Park. em Gana, África.

Por ser uma forma de acesso privilegiada para observação da fauna e flora, passarelas aumentam muito o fluxo de visitas.

A foto de uma passarela, acima mostra um passarela de copada do Kakum National Park, localizado a 20 km ao norte de Cape Coast, com área de 35 mil hectares de floresta tropical úmida.

Projetada para uma capacidade máxima de 60 a 70 mil visitantes anuais, sem comprometer a qualidade da experiência, o fluxo de visitas no parque cresceu de menos que 2 mil pessoas em 1992, antes de sua construção, para mais de 20 mil visitantes em 1995.

Kakum National Park

Segundo descritivo da Unesco, ao mesmo tempo, a zona costeira da África Ocidental era coberta por 600.000 kmde floresta tropical contínua, mas devido ao crescimento das populações humanas, agricultura e extração de madeira, a floresta encolheu 72%, para uma série de “ilhas” isoladas de florestas.

Kakum, cujo nome vem do Rio Kakum, cujas nascentes ficam dentro dos limites do parque, foi originalmente reservada como reserva florestal em 1925. O rio Kakum e seus afluentes fornecem água doce para Cape Coast e 133 outras cidades e vilas.

Em 1992, a Reserva Florestal de Kakum foi reclassificada como Parque Nacional. e o adjacente Assin Attandanso como Reserva de Recursos.

A área protegida cobre 360 km2. Kakum é o primeiro parque nacional em Gana criado por iniciativa local, em oposição ao criado pela Agência Estatal responsável pela Vida Selvagem.

Cinquenta e duas aldeias e uma paisagem agrícola que consiste principalmente de culturas alimentares e cacau cercam o parque.

A floresta em Kakum varia desde a verdadeira floresta tropical – Floresta Perene Úmida – até a Floresta Semidecídua sazonalmente seca.

Contém centenas de espécies de plantas herbáceas e lenhosas. A floresta é o lar de muitos mamíferos raros e ameaçados, como Diana Monkey, Bongo, Duiker de dorso amarelo e elefante.

Em março de 1995, o Parque Nacional de Kakum tornou-se o lar do único caminho do dossel no Continente Africano.

A ponte de 350 metros conecta sete copas de árvores; é construído com cabos de aço, escadas de alumínio, tábuas de madeira e rede de segurança. Para proteger as árvores, nenhum prego ou parafuso perfura a casca.

No dossel você pode ver espécies de pássaros e insetos que são quase impossíveis de encontrar no nível do solo.

A passarela do dossel é um esforço conjunto entre o Ghana Wildlife Division e a Conservation International, uma organização não governamental internacional com sede nos Estados Unidos dedicada à conservação de ecossistemas e biodiversidade.

Kakum é uma floresta tropical única repleta de oportunidades para aprender sobre as conexões ocultas que mantêm viva a floresta e aqueles que a usam.

Caminhando pela trilha Kuntan, você pode aprender sobre as plantas medicinais que são usadas localmente para curar doenças.

É possível fazer arranjos especiais para visitas à vila de Mesomagor, que apresenta música e dança tradicional: caminhadas matinais e noturnas; bem como rastreamento de elefantes da floresta.

Procurando por elefantes, você pode seguir um caminho de pegadas passando por suas pilhas de esterco ou ver linhas de lama em qualquer árvore de ébano (conhecida localmente como “pente de elefante”) que foi usada como poste para arranhar.

Surpreendentemente, algumas plantas só podem germinar depois de passar pelo intestino de um elefante!

Algumas conexões vitais podem ser vistas, como uma borboleta polinizando uma flor, enquanto outras são invisíveis como o clima estável criado dentro e ao redor do parque pela floresta.

Este aumento considerável de visitantes, possibilitou não só um aumento nos postos de trabalho para comunidades locais, como também recursos para ajudar proteger e manter o parque.

 



Torres e Passarelas de Copada / Canopy Towers & Walkways

 


Conceitos

 

 

 


Trilhas de Longo Percurso

 

Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
Para uso e permissões favor contatar: roberto@albatroz.eco.br

 

 

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