Socioambiental
Comunidades ou Populações Tradicionais

Autoria: Roberto M.F. Mourão, ALBATROZ Planejamento

 

Comunidades Tradicionais

Constituição Federal

“Povos e Comunidades Tradicionais são grupos que possuem culturas diferentes da cultura predominante na sociedade e se reconhecem como tal.”

Ministério do Desenvolvimento Social (MDS)
Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais (CNPCT)

A Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais (CNPCT), criada em dezembro de 2004, coordena a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT).

De acordo com essa política, Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) são:

“Grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.

Estes grupos devem se organizar de forma distinta, ocupar e usar territórios e recursos naturais para manter sua cultura, tanto no que diz respeito à organização social quanto à religião, economia e ancestralidade. Na utilização de tais recursos, devem se utilizar de conhecimentos, inovações e práticas que foram criados dentro deles próprios e transmitidos oralmente e na prática cotidiana pela tradição.

Comunidades Tradicionais

Estima-se que cerca de 4,5 milhões de pessoas fazem parte de comunidades tradicionais atualmente no Brasil, ocupando 25% do território nacional, representados, entre outros, por:  

Populações Tradicionais / Professor Carlos Diegues USP

Como reconhecer

  1. dependência e até simbiose com a natureza, os ciclos naturais e os recursos naturais renováveis a partir do qual se constroe um “modo de vida“
  2. conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos que se reflete na elaboração de estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais. Esse conhecimento é transferido de geração em geração por via oral
  3. noção de território ou espaço onde o grupo se reproduz econômica e socialmente
  4. reduzida acumulação de capital
  5. moradia e ocupação desse território por várias gerações, ainda que alguns membros individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e voltado para a terra dos seus antepassados
  6. importância das atividades de subsistência, ainda que a produção de mercadorias possa estar mais ou menos desenvolvida, o que implica numa relação com o mercado
  7. importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às relações de parentesco ou de compadrio para o exercício das atividades econômicas, sociais e culturais
  8. importância de mito e rituais associados à caça, á pesca e a atividades extrativistas
  9. a tecnologia utilizada é relativamente simples, de impacto limitado sobre o meio ambiente. Há uma reduzida divisão técnica e social do trabalho, sobressaindo o trabalho artesanal, onde o produtor e sua família, dominam o processo de trabalho até o produto final
  10. fraco poder político, que em geral reside com os grupos de poder dos centros urbanos;
  11. auto-identificação ou identificação pelos outros de se pertencer a uma cultura distinta das outras.
Trabalho com Populações Tradicionais

Recomendações do Centro Nacional de Populações Tradicionais (CNPT)

Devem ser levados em conta 2 aspectos importantes por quem trabalha com populações tradicionais:

  1. Fazer com que elas não se sintam excluídas, marginalizadas, pelo fato de terem um sistema econômico e de vida diferentes;
  2. Que as pessoas passem a incorporar o fato de serem populações tradicionais como uma opção, como uma forma positiva de vida, e não como algo do “destino”.

Recomendações

  • aumentar a produção e a produtividade dos recursos naturais existentes
  • reduzir as perdas no processamento de tais recursos
  • melhorar o sistema de comercialização no mercado local
  • agregar valor aos produtos no local de produção, buscando formas de descentralizar o processo produtivo incentivando o processamento local
  • desenvolver novos mercados para os produtos existentes
  • desenvolver mercados para novos produtos
  • abaixar os custos de implantação de sistema agroflorestais, mediante o aproveitamento de áreas já desmatadas
  • reorganizar o sistema de abastecimento de tais populações, mediante atividades associativas que eliminem os intermediários

Normas de Conduta e Premissas Operacionais de Ecoturismo com Comunidades Tradicionais

(Fonte: Instituto EcoBrasil)
  1. Respeitar e valorizar a cultura local / regional;
  2. Levar em conta o grau de contato das comunidades visitadas;
  3. Fazer com que tradições prevaleçam sobre os interesses do turismo;
  4. Ser uma atividade complementar e de apoio às atividades tradicionais;
  5. Gerar recursos econômicos que ajudem a melhorar a qualidade de  vida  das populações envolvidas;
  6. Fomentar a participação efetiva da comunidade em todo o processo de gestão da atividade em suas terras e/ou região.

 

Potenciais Impactos Negativos da Visitação a Comunidades Tradicionais

(Fonte: Projeto Ecoturismo em Terras IndígenasInstituto EcoBrasil, 1990)

  1. Estímulo à Vergonha Étnica;
  2. Alimentação e Hábitos Higiênicos Diferenciados;
  3. Desconhecimento da Cultura Tradicional por parte do Visitante;
  4. Falta de Respeito à Cultura e à Privacidade de Comunidades;
  5. Violação da intimidade;
  6. Danos e Destruição de Sítios Arqueológicos;
  7. Desrespeito a Rituais e Locais Considerados Sagrados;
  8. Imposição de Festas e Rituais fora do Calendário Tradicional;
  9. Risco de Transmissão de Doenças;
  10. Dificuldade ou Inexistência de Controle da Visitação ou Iteração;
  11. Desconhecimento da Legislação Pertinente por partes de Visitantes;
  12. Introdução de Vícios (álcool e drogas) e Prostituição;
  13. Desconhecimento dos Hábitos e Costumes de Comunidades, como, p. ex., a nudez em certas comunidades indígenas;
  14. Exploração e/ou manipulação da mão-de-obra comunitária;
  15. Concentração de benefícios em famílias de líderes comunitários;
  16. Marginalização de parte da comunidade com relação aos benefícios gerados pela atividade turística;
  17. Introdução de falsos valores, sobretudo em crianças e jovens
  18. Produção de lixo, principalmente não biodegradáveis
  19. Gestão inadequada dos resultados econômicos;
  20. Abandono das atividades econômicas habituais;
  21. Dependência exclusiva de uma só atividade econômica;
  22. Estímulo a produção “industrial” de artesanato; 
  23. comércio de artesanato e artefatos abaixo do valor justo;
  24. Utilização de espécies da fauna, flora e minerais como matéria prima de artesanato e artefatos.

 


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Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
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