Lixão

 

Impactos causados por lixão incluem de contaminação ambiental até danos à saúde pública.
Aterro Jardim Gramacho, considerado o maior aterro da América Latina. © Pedro Kirilos, 2012

Lixão

O lixão é uma forma inadequada de disposição de rejeitos, que se caracteriza pelo simples descarte de resíduos sólidos urbanos sobre o solo.

Ele acontece sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública, segundo a definição do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Como funciona

Como os lixões são ilegais, não existe controle quanto ao local de destinação correta ou aos tipos de resíduos depositados.

Resíduos domiciliares e comerciais de baixa periculosidade podem acabar sendo depositados junto com resíduos de alto poder poluidor, como os industriais e hospitalares.

Além disso, esse depósito de lixo é utilizado pela população carente como uma forma de obter renda, por meio da coleta de materiais.

Os catadores que trabalham em lixões ficam expostos a diversos riscos. Os lixões, portanto, causam problemas ambientais, de saúde pública e sociais.

Resíduos ou Rejeitos

Resíduo é tudo aquilo que pode ser reutilizado ou reciclado. Para isso, é preciso que os componentes de determinado produto sejam separados de acordo com sua composição.

Já o Rejeito é um tipo específico de resíduo sólido, aquele para o qual ainda não existe nenhuma possibilidade de reaproveitamento ou reciclagem. Nesses casos, a solução ambientalmente correta é encaminhar o rejeito para um aterro sanitário licenciado.

É importante ressaltar que muitos resíduos podem e deveriam ter destinações melhores que lixões e aterros sanitários. Alguns exemplos são a coleta seletiva ou a compostagem.

Existem 4 tipos de resíduos: Seco, Úmido, Perigoso e Rejeito.

  1. Lixo Seco
    É composto por materiais potencialmente recicláveis, como papel, vidro, metal e plástico. Para que a matéria-prima seja aproveitada, no entanto, não deve ser misturada ao lixo úmido
  2. Lixo Úmido
    São os resíduos orgânicos descartados, como as sobras de alimentos, cascas de frutas e legumes.
  3. Resíduos Perigosos
    Devem ser descartados de forma adequada, pois contém características que o tornam perigoso ao meio ambiente, por serem materiais inflamáveis, corrosivos ou tóxicos, como por exemplo medicamentos, agrotóxicos e pilhas ou baterias.
  4. Rejeitos
    São os resíduos que não têm nenhuma aplicação que seja técnica e economicamente viável podendo até ser algo reciclável, mas cujo aproveitamento é inviável.
Diferença entre Lixão e Aterro Sanitário

A principal diferença é que o Aterro Sanitário é uma estrutura planejada e construída para receber os resíduos sólidos que não podem ser reciclados.

Já o lixão classifica-se como um vazadouro a céu aberto devido à forma inadequada de descartar os dejetos, causando graves problemas socioambientais.

O descarte adequado dos rejeitos é atualmente um dos principais desafios enfrentados pelos municípios brasileiros.

Fechamento dos Lixões

Com o objetivo de decretar a disposição ambientalmente correta para eles, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) determina ações como a extinção dos Lixões e a substituição por Aterros Sanitários.

Porém, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o Brasil possui cerca de três mil lixões. A falta de recursos financeiros por parte dos municípios tem impedido avanços mais acelerados nessa área.

Inicialmente, a legislação determinava que todos os lixões deveriam ser fechados até o dia 2 de agosto de 2014. As dificuldades de implementação de aterros sanitários, junto com pressões políticas, fizeram com que o prazo fosse prorrogado, segundo as características dos municípios.

As capitais e municípios de suas regiões metropolitanas tiveram até o dia 31 de julho de 2018 para acabar com os lixões. Os municípios de fronteira e aqueles com mais de 100 mil habitantes, tiveram um ano a mais que as capitais para implementar os aterros.

Pelas atuais previsões, cidades com 50 a 100 mil habitantes teriam até o dia 31 de julho de 2020. Já para os municípios com menos de 50 mil habitantes o prazo negociado foi 31 de julho de 2021.

Problemas causados pelos Lixões

Ao serem depositados dessa forma, eles não são analisados previamente. Isso torna impossível saber quais substâncias são lançadas no meio ambiente e o grau de poluição e contaminação que elas podem provocar. Além disso, alguns rejeitos podem atrair animais e vetores de doenças.

Um levantamento feito pelo Departamento de Economia do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) aponta que a queima irregular de rejeitos descartados em lixões libera cerca de seis milhões de toneladas de gases de efeito estufa ao ano. É a mesma quantidade emitida por três milhões de carros movidos a gasolina no mesmo período.

Impacto Ambiental gerado pelo Lixo

Os principais impactos ambientais causados pelo descarte incorreto de rejeitos no lixões são:

  • Mau cheiro;
  • Contaminação do solo pelo chorume, líquido escuro e nesse caso tóxico proveniente da decomposição da matéria orgânica;
  • Contaminação das águas subterrâneas do lençol freático com a penetração do chorume no solo;
  • Aumento do número de doenças, já que os lixões atraem animais e vetores de doenças;
  • Emissão de gases do Efeito Estufa, responsáveis pela intensificação do aquecimento global;
  • Aumento do número de incêndios causados pelos gases que são gerados a partir da decomposição dos resíduos depositados nos lixões.

Vale ressaltar que o chorume produzido em aterros sanitários e lixões é diferente do liberado pela composteira doméstica. Esse não é tóxico e pode ser utilizado como fertilizante de solo e pesticida natural.

Na composteira, o chorume resulta da decomposição de matéria orgânica pura. Enquanto em aterros e lixões os vários tipos de descarte são decompostos juntos. Por fim, eles liberam um chorume contaminado e cujo descarte exige atenção.

Impacto Social gerado pelo Lixo

Além dos impactos ambientais, os lixões também provocam diversos problemas sociais.

Esses locais são frequentemente visitados pela população carente para a coleta de materiais recicláveis ou reutilizáveis que foram descartados incorretamente. O intuito é vendê-los para conseguir uma renda.

Essas pessoas não utilizam equipamentos de segurança ao manipular o lixo e ficam sujeitas a acidentes, como cortes com vidros quebrados. Além da contaminação por agentes encontrados nos lixos, como líquidos que vazam de pilhas, herbicidas e metais pesados.

Os catadores também se expõem à ação de agentes causadores de doenças e são socialmente excluídos por conta de sua ocupação profissional. Esse fator pode gerar impactos psicológicos.

Soluções para a Gestão de Resíduos

Mas, então, o que devemos fazer para cuidar do lixo ?

Entre as medidas necessárias para mitigar os impactos provocados pela destinação incorreta de resíduos, segundo o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana, destacam-se o fim dos lixões ainda existentes no Brasil e a construção de aterros sanitários capazes de realizar a gestão ambientalmente correta dos rejeitos.

Dados da entidade e da empresa PwC apontam que mais da metade das cidades brasileiras ainda destinam incorretamente seus resíduos para lixões. Isso quando poderiam ser reciclados ou reutilizados.

São necessárias medidas punitivas mais severas para o avanço da Política Nacional dos Resíduos Sólidos e o fim definitivo dos lixões.

Investigação Geoambiental de Áreas Contaminadas

Com o crescimento da urbanização e a consequente valorização imobiliária nas grandes cidades, áreas antigamente ocupadas por lixões ou indústrias hoje desativadas são reutilizadas para outras finalidades, como, por exemplo, instalação de conjuntos habitacionais, podendo assim gerar riscos à saúde da população.

Atualmente, a legislação federal prevê que essas áreas potencialmente contaminadas sejam investigadas antes de qualquer uso e ocupação, por meio de procedimentos sistemáticos conhecidos como Investigação Geoambiental, demandando a participação de especialistas em meio ambiente provenientes de diferentes áreas do conhecimento, como Geologia, Química, Biologia e Engenharia.

Esses trabalhos geralmente exigem visitas técnicas, realização de ensaios in situ, amostragens de águas, gases e solos do subsolo, além de ensaios em laboratório, para que a caracterização de uma área contaminada seja efetuada de maneira adequada.

O Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas – LRAC, do IPT, conta com uma área de Ensaios Geoambientais (EGEO), capacitada para realizar amostragens, ensaios em campo e ensaios laboratoriais para a investigação geoambiental de terrenos contaminados. Entre os estudos realizados, destacam-se ensaios para estimativa de parâmetros de transporte de poluentes, estudos de materiais de impermeabilização de base e cobertura de aterros de resíduos, entre outros.

Lixão – gás metano transformado em energia

A forma como o metano será transformado em energia dependerá de onde ele é produzido. 

Em aterros sanitários e lixões, por exemplo, o líquido escuro e viscoso produzido pela decomposição da matéria orgânica, mais conhecido como chorume, é uma importante fonte de liberação de gás metano. 

Para ser transformado em energia, esse gás é coletado por meio de drenos e conduzido para uma área de tratamento que o condensa e o refrigera. Após o beneficiamento do metano, o mesmo vira biogás e já pode ser enviado aos motores do aterro, que vão gerar energia. 

Em alguns aterros da região de São Paulo, esse tipo de energia sustentável chega a abastecer 700 mil habitantes. O Aterro Sanitário Bandeirantes fornece 2% da energia da cidade.

Já na pecuária, os responsáveis pela transformação do gás metano em fonte de energia são os biodigestores. São neles onde os dejetos de animais herbívoros e resíduos orgânicos serão processados por meio fermentação anaeróbica onde ocorrerá a liberação de gases que posteriormente serão usados para gerar energia.

A instalação desses biodigestores, além de ajudarem a reduzir os impactos ambientais gerados pela atividade agropecuária, pode resultar em economia e até mesmo lucro, uma vez que reduzem o custo de produção gerando uma fonte própria de energia limpa.

 

 

 

 

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