logo TBC paxcaipiraWEB  

TBC Turismo de Base Comunitária

 

Populações Tradicionais

Professor Carlos Diegues / USP

Como reconhecer

  1. dependência e até simbiose com a natureza, os ciclos naturais e os recursos naturais renováveis a partir do qual se constroe um “modo de vida“
  2. conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos que se reflete na elaboração de estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais. Esse conhecimento é transferido de geração em geração por via oral
  3. noção de território ou espaço onde o grupo se reproduz econômica e socialmente
  4. reduzida acumulação de capital
  5. moradia e ocupação desse território por várias gerações, ainda que alguns membros individuais possam ter-se deslocado para os centros urbanos e voltado para a terra dos seus antepassados
  6. importância das atividades de subsistência, ainda que a produção de mercadorias possa estar mais ou menos desenvolvida, o que implica numa relação com o mercado
  7. importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às relações de parentesco ou de compadrio para o exercício das atividades econômicas, sociais e culturais
  8. importância de mito e rituais associados à caça, á pesca e a atividades extrativistas
  9. a tecnologia utilizada é relativamente simples, de impacto limitado sobre o meio ambiente. Há uma reduzida divisão técnica e social do trabalho, sobressaindo o trabalho artesanal, onde o produtor e sua família, dominam o processo de trabalho até o produto final
  10. fraco poder político, que em geral reside com os grupos de poder dos centros urbanos;
  11. auto-identificação ou identificação pelos outros de se pertencer a uma cultura distinta das outras.
Trabalho com Populações Tradicionais

Recomendações do CNPT Centro Nacional de Populações Tradicionais

Devem ser levados em conta 2 aspectos importantes por quem trabalha com populações tradicionais:

  1. Fazer com que elas não se sintam excluídas, marginalizadas, pelo fato de terem um sistema econômico e de vida diferentes;
  2. Que as pessoas passem a incorporar o fato de serem populações tradicionais como uma opção, como uma forma positiva de vida, e não como algo do “destino”.

Recomendações do CNPT Centro Nacional de Populações Tradicionais

  • aumentar a produção e a produtividade dos recursos naturais existentes
  • reduzir as perdas no processamento de tais recursos
  • melhorar o sistema de comercialização no mercado local
  • agregar valor aos produtos no local de produção, buscando formas de descentralizar o processo produtivo incentivando o processamento local
  • desenvolver novos mercados para os produtos existentes
  • desenvolver mercados para novos produtos
  • abaixar os custos de implantação de sistema agroflorestais, mediante o aproveitamento de áreas já desmatadas
  • reorganizar o sistema de abastecimento de tais populações, mediante atividades associativas que eliminem os intermediários

Normas de Conduta e Premissas Operacionais de Ecoturismo com Comunidades Tradicionais
(Fonte: Instituto EcoBrasil)

  1. Respeitar e valorizar a cultura local / regional;
  2. Levar em conta o grau de contato das comunidades visitadas;
  3. Fazer com que tradições prevaleçam sobre os interesses do turismo;
  4. Ser uma atividade complementar e de apoio às atividades tradicionais;
  5. Gerar recursos econômicos que ajudem a melhorar a qualidade de  vida  das populações envolvidas;
  6. Fomentar a participação efetiva da comunidade em todo o processo de gestão da atividade em suas terras e/ou região.

Potenciais Impactos Negativos da Visitação a Comunidades Tradicionais
(Fonte: Projeto Ecoturismo em Terras IndígenasInstituto EcoBrasil, 1990)

  1. Estímulo à Vergonha Étnica;
  2. Alimentação e Hábitos Higiênicos Diferenciados;
  3. Desconhecimento da Cultura Tradicional por parte do Visitante;
  4. Falta de Respeito à Cultura e à Privacidade de Comunidades;
  5. Violação da intimidade;
  6. Danos e Destruição de Sítios Arqueológicos;
  7. Desrespeito a Rituais e Locais Considerados Sagrados;
  8. Imposição de Festas e Rituais fora do Calendário Tradicional;
  9. Risco de Transmissão de Doenças;
  10. Dificuldade ou Inexistência de Controle da Visitação ou Iteração;
  11. Desconhecimento da Legislação Pertinente por partes de Visitantes;
  12. Introdução de Vícios (álcool e drogas) e Prostituição;
  13. Desconhecimento dos Hábitos e Costumes de Comunidades, como, p. ex., a nudez em certas comunidades indígenas;
  14. Exploração e/ou manipulação da mão-de-obra comunitária;
  15. Concentração de benefícios em famílias de líderes comunitários;
  16. Marginalização de parte da comunidade com relação aos benefícios gerados pela atividade turística;
  17. Introdução de falsos valores, sobretudo em crianças e jovens
  18. Produção de lixo, principalmente não biodegradáveis
  19. Gestão inadequada dos resultados econômicos;
  20. Abandono das atividades econômicas habituais;
  21. Dependência exclusiva de uma só atividade econômica;
  22. Estímulo a produção “industrial” de artesanato; 
  23. comércio de artesanato e artefatos abaixo do valor justo;
  24. Utilização de espécies da fauna, flora e minerais como matéria prima de artesanato e artefatos.

 

TBC Turismo de Base Comunitária

“Turismo de Base Comunitária ou Turismo de Baseado na Comunidade é o termo aplicado a atividades, operações e infraestrutura que dizem respeito a  comunidades que recebem visitantes.”

São as visitas aos lugares onde a comunidade está envolvida em mostrar seu povo e sua cultura, seus patrimônios como atrações ou oferecendo  mercadorias (produtos agrícolas ou artesanato). É turismo baseado na relação visitante-anfitrião, cuja participação é importante para ambos e deve gerar benefícios econômicos e de preservação para as comunidades e o meio ambiente.

O TBC deve contribuir para a conservação e desenvolvimento, trazendo benefícios econômicos, sociais e culturais para todos os membros da comunidade.

Graus de Participação nas Comunidades

Relacionamento Passivo com os Visitantes

  • visitantes observam as atividades da comunidade mas não são feitos passeios ou atividades para os turistas;
  • a comunidade faz parte da “paisagem” turística;
  • até pode-se cobrar pra tirarem fotografias;
  • não haverá benefícios diretos;
  • os benefícios diretos para a comunidade serão muito pequenos;
  • uma comunidade assim participa do turismo, mas não no TBC.

Relacionamento Indireto com os Visitantes

  • venda eventual de frutas (p.ex. frutas, cocos);
  • demonstrar habilidade em subir numa palmeira e recebe uma gorjeta;
  • alugar imóveis recebendo renda anual mas não tendo qualquer outro papel direto na interação com turistas;
  • através da fabricação e venda de artesanato a comerciantes;
  • demonstração cultural: folclore – dança, música, “festá”;
  • atuarem como guias ou contadores de histórias.

Relacionamento Direto como Fornecedores de Serviços

  • com Trabalho: em hotéis, pousadas, camping etc.; como jardineiros, motoristas, barqueiros, garçons, ajudantes de cozinha, cozinheiros, administrativos;
  • com Competências: músicos, dançarinos, participando de manifestações culturais etc.
  • como Especialistas: construção de embarcações, artesanato, manutenção, guias etc.

Relacionamento Direto com os Visitantes em Atividades Próprias

  • Contato Direto / Participação Ativa como Proprietários ou Parceria
    Comunidade é proprietária de terras que são administradas por ela, utilizadas para finais turísticos numa base temporária ou permanente.
  • Organização de Atividades Ocasionais
    • espetáculos de dança
    • feira de artesanato e alimentos artesanais
    • prestação de serviços ocasionais de condutores / guias turísticos
  • Atividades Sazonais / Festas / Eventos
    • toda a comunidade participa
    • atividades de apenas um dia ou mais – até semanas
    • as atividades serão negociadas para o turismo pela própria comunidade
    • festas dos Santos Reis, do Divino Espírito Santo, etc.
    • aniversário e comemorações da comunidade ou da vila 
  • Pequenos Empreendimentos / Pequenas Empresas Permanentes
    • barracas à beira da estrada para venda de alimentos ou artesanato
    • lojas e centros de artesanato – comunidade mostra suas habilidades
    • serviços de apoio ou condução de visitantes / guias
    • cantinas e restaurantes de cozinha regional ou tradicional
    • fornecimento de transporte locais e tradicionais – mulas
    • hospedagem familiar / Cama & Café (Rio, Fernando de Noronha, Parintins etc.)

 


Manuais de Turismo

 

 

 

Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
Para uso e permissões favor contatar: roberto@albatroz.eco.br

 

 

Conheça outros conceitos...

Compostagem Comunitária de Orgânicos
Compostagem Comunitária de Orgânicos

  Compostagem Compostagem Comunitária de Orgânicos   Resíduos Orgânicos  Os resíduos orgânicos urbanos consistem nos restos de alimentos e nos resíduos de jardins e áreas verdes.   Atualmente, a maior parte dos resíduos orgânicos gerados nas cidades brasileiras está sendo disposta em aterros sanitários e lixões, e menos de 1% da massa coletada dos resíduos […]

Comunidades ou Populações Tradicionais
Comunidades ou Populações Tradicionais

Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.

Mosaicos de Áreas Protegidas – UCs
Mosaicos de Áreas Protegidas – UCs

  Conceitos Ambientais Mosaicos de Áreas Protegidas (2012)   Mapa do Mosaico Bocaina, Mata Atlântica. Mosaico de Unidades de Conservação ou de Áreas Protegidas  Um Mosaico de Unidades de Conservação ou de Áreas Protegidas tem por objetivo estimular a gestão integrada de Unidades de Conservação de uma região, contribuindo para a preservação e conservação dos recursos naturais, bem […]

Parceiros e Apoiadores