Foto: Biguás (Phalacrocorax Brasilianus) © João Quental 

Observação de Aves / Birdwatching

por Roberto M.F. Mourão, Instituto EcoBrasil
Fonte: Análise de Viabilidade da Observação de Aves em Unidades de Conservação, IBAMA, 2000

 

Observadores de Aves

Os observadores de aves representam o maior grupo de observação da vida silvestre do planeta.

Nesta seção, você vai receber informações gerais e específicas para desenvolver a atividade de maneira segura e sustentável.

Serão abordados temas como:

  • Histórico da observação de aves no Brasil e no mundo
  • Mercado da observação de aves
  • Equipamentos para a observação

Devemos enfatizar a interessante parceria entre o ‘observador profissional’ – biólogo, ecólogo, ornitólogo – e o amador, assim como que a  atividade beneficia economicamente as localidades onde ocorrem e as pessoas, direta (prestadores de serviços turísticos e a comunidade local) e indiretamente, relacionadas com a observação de aves.

Breve Histórico

Observar aves é uma atividade que existe há bastante tempo. Antes do século XIV, o interesse por história natural, em especial pelas aves, tinha se tornado popular na Inglaterra, chegando mais tarde aos Estados Unidos.

Conforme publicação de Lincoln Barnett, da The Wildlife Society, o interesse de Charles Darwin (foto à esquerda) pelas aves era tão grande que certa vez ele questionou: “Por que todos os cavalheiros ingleses não se dedicam à ornitologia?

Na Inglaterra, o interesse pela ornitologia começou no fim do século XVIII, mas era uma atividade aristocrata, praticada por proprietários rurais em suas terras.

Durante anos, observar aves era uma atividade solitária. Um livro que muito influenciou a atividade foi Natural History of Selborne, escrito e publicado em 1789 por Gilbert White, religioso de Hampshire, Inglaterra. O autor foi pioneiro em escrever cuidadosas notas de campo das suas observações de aves, anotando e divulgando importantes marcas de identificação. O objetivo de sua publicação era, em suas próprias palavras, “uma humilde tentativa de promover uma investigação mais minuciosa em história natural, na vida e na comunicação de animais”, e nisso ele foi extremamente bem-sucedido.

A era da observação organizada de aves nos Estados Unidos começou em 1873, quando a Nuttall Ornithological Club – primeira organização norteamericana dedicada à observação e ao estudo de aves – foi criada em Boston por dois jovens ornitólogos: William Brewster e Henry Henshaw.

National Audubon Society: pioneirismo

Viagens organizadas para atender a interesses especiais (special interest travels) foram moda por muito tempo na Europa: observação de flora e fauna, visitas a castelos, museus, viagens gastronômicas.Porém, a observação de aves teve seu início na década de 1940, nos Estados Unidos, quando John Baker, então presidente da National Audubon Society (John James Auduboin, foto à direita), ficou preocupado com o dilema de algumas espécies ameaçadas da Flórida (snail kites, sandhill cranes e crested caracaras).

Era difícil motivar a população para a proteção dessas aves em virtude do impacto econômico da caça aos patos selvagens para a hotelaria local, considerando que os observadores de aves naqueles tempos ainda não eram representativos. 

A National Audubon Society se movimentou no sentido de motivar a observação de tais espécies. A idéia funcionou. Os hotéis às margens do Lago Okeechobee logo ficaram repletos de observadores de aves que se inscreveram para excursões conduzidas por guias especializados e guardas-parques.

A atividade de observar aves nos Estados Unidos pode ser dividida em 4 períodos:

  1. quando Willian Brewster e seus colegas organizaram observações;
  2. quando a National Audubon Society popularizou a observação de aves e difundiu critérios de proteção para esses animais (na virada do século XX);
  3. a partir da produção do guia de aves, iniciado em 1934 por Roger Tory Peterson, fazendo com que o número de observadores subisse para milhões;
  4. atualmente, quando a facilidade das comunicações e das viagens permitem que observadores de aves viajem ao redor do planeta à procura de aves interessantes e raras.
William Belton, um pioneiro no Brasil
Em meados dos anos 40, um observador de aves amador norte-americano de nome William Belton, foi enviado ao Brasil para ocupar o cargo de consul em Porto Alegre. Benton que permaneceu em Porto Alegre de 1943 a 1948, se dando conta do enorme potencial para a observação de aves no Brasil.
Helmut Sick
Observador de aves amador, conheceu e ficou amigo de Helmut Sick (Heinrich Frieddrich Helmuth Sick), alemão, naturalizado brasileiro, ornitólogo pioneiro e um dos poucos estudiosos das aves brasileiras na época, de forma séria e sistemática, ligado ao Museu Nacional do Rio de Janeiro. Entre as mais significativas realizações de Belton estavam as mais de mil gravações de campo que realizou com pássaros, principalmente no Rio Grande do Sul. Hoje parte dos arquivos da Cornell University (Cornell Lab of Ornithology), elas registram os sons produzidos por diversas centenas de espécies.
 
Em 1970, já aposentado, escolheu Gramado como seu lugar de residência e de lá partiu, em inúmeras expedições, para os mais diversos rincões do estado do Rio Grande do Sul. Em 1972 ministrou o primeiro curso de extensão na Unisinos, que foi repetido em 1974 por um de seus discípulos, o biólogo Flávio Silva. Ao final desse segundo curso, com os participantes acampados às margens do Rio Caí, na fazenda Chaleira Preta (hoje Pólo Petroquímico de Triunfo), surgiu a ideia de fundar um Clube de Observadores de Aves. Assim, no dia 11 de novembro de 1974, foi fundado o primeiro COA do Brasil. Walter Voss foi um dos presentes naquele momento e um grande entusiasta da atividade nos anos que se seguiram.
 
Aos poucos a notícia se espalhou e outros núcleos de observadores, também chamados COA, foram surgindo em diversos estados do Brasil.
 

 

Galeria

Fotos: ©️ João Quental

 



Observação de Aves

 

Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
Para uso e permissões favor contatar: roberto@albatroz.eco.br

 

 

 

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