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Estudos de Caso
Capacidade de Carga Turística (CTT)
Trilha do Macuco Safari, Parque Nacional do Iguaçu
Padrão de Uso das Áreas de Uso Público

 

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Consultor: Roberto M.F. Mourão, ALBATROZ Planejamento
Este trabalho foi contratado por meio de Marcelo Skaf / AMBIENTAL Consultoria

 

Método Cifuentes, Considerações

Um dos métodos mais difundido e simples, adequado a espaços turísticos latino-americanos (ou paises em desenvolvimento) foi desenvolvido por Miguel Cifuentes Arias e aplicado inicialmente no Parque Nacional de Galápagos.

Capacidade de Carga Física (CCF)
É o limite máximo de visitas em uma área definida em um determinado tempo.

CC TJ CC Cifuentes diagrama ccf ccr ccrCapacidade de Carga Real (CCR)
É o limite máximo de visitas, porém aplicando-se os Fatores de Correção que limitam a atividade, composto por diversas variáveis de ordem ambiental, física, sociocultural, entre outras.

Capacidade de Carga Efetiva (CCE)
Partindo-se da CCR, considerando-se a Capacidade de Manejo e Gestão. A intensidade e o período de uso, os tamanhos do grupos, as atividades permitidas, o número de monitores ou guias, etc será aquela apontada pela Capacidade de Carga Efetiva. 

Considerações

O crescente interesse pelo turismo na natureza nos países em desenvolvimento, detentores da maior diversidade do planeta, criou a necessidade de fixar diretrizes ou limites claros para ordenar e manejar a visitação em áreas protegidas, sobretudo nas mais frágeis. 

A determinação da Capacidade de Carga Turística (CCT) não deve ser tomada como um fim e nem como solução para os problemas advindos da visitação. Deve ser considerada como uma ferramenta de planejamento que possibilita e requer decisões de manejo.

Apesar dos avanços e da diversidade de métodos desenvolvidos pós CCT, no momento de determinar limites, nota-se uma carência de procedimentos, que, além de confiáveis, sejam práticos e aplicáveis, enquanto coerentes com a realidade local. Este cenário implica em estabelecer métodos de fácil aplicação, que reconheçam a carência de pessoal capacitado e da capacidade de manejo, a insuficiência de informações e a dificuldade de se poder, em países em desenvolvimento, contar com sistemas e tecnologia sofisticadas.

A capacidade de carga turística é relativa e dinâmica, pois depende de variáveis que podem mudar de acordo com as circunstâncias. Isso requer revisões periódicas, consequentes ao monitoramento, com um sistema contínuo de planejamento, pesquisa e ajuste de manejo – como, por exemplo, fazendo uso do Ciclo PDCA.

Ciclo PDCA

PDCA fundoWEBOs sistemas de gestão, que, regra geral, utilizam-se do conceito do chamado Ciclo do PDCA (de Plan, Do, Check e Act, ou seja Planejar, Fazer, Verificar e Agir), consistem em sistemas gerenciais destinados a assegurar, de maneira consistente e coerente, os resultados de funções ou objetivos específicos das organizações, como a qualidade, a saúde e a segurança ocupacionais, a interação com o meio ambiente e outras funções.

O conceito de sistema de gestão popularizou-se com a sua aplicação à qualidade, quando se passou da abordagem do controle da qualidade para a gestão da qualidade, isto é, de uma abordagem corretiva para uma preventiva. O sucesso da aplicação deste conceito à qualidade evidenciou a oportunidade e propriedade da aplicação do mesmo conceito gerencial para outros domínios da ação das organizações.

Pelo fato de que na determinação da capacidade da CCT intervenham fatores relacionados a interesses e decisões humanas faz com que o conceito e os procedimentos para defini-la sejam controvertidos.

Como a capacidade de um local depende de suas características particulares, esta deve ser determinada separadamente para cada local de uso público, sendo que a simples soma das capacidades de todos os sites não pode ser tomada como a capacidade da área total.

Como parte da determinação da capacidade de carga, é imprescindível desenvolver e implementar um programa de monitoramento dos espaços de uso público para avaliar os impactos da visitação, com frequentes ajustes nas decisões de gestão. Este programa deve conter uma lista de indicadores a serem considerados no desenvolvimento do sistema de monit1oramento para cada local ou infraestrutura, muitos dos quais limitantes para o cálculo da capacidade de carga.

Limitantes Críticas

CCT limitantes criticas trilha acesso a praiaÀs vezes, a existência de limitantes críticas será o determinante da capacidade de suporte de um espaço turístico.

Mesmo que o espaço físico turístico disponível e outras variáveis permitam um maior fluxo de visitantes como numa praia, certos eventos ecológicos – p.ex. aves que nidificam na trilha de acesso à praia, podem vir a limitar substancialmente as visitas permitidas pelo cálculo da CCT.

Por exemplo, se o cálculo da capacidade de carga de uma trilha que dá acesso a uma praia seja 50 visitas/dia no periodo de nidificação de aves, mesmo que a praia comporte 300 visitas/dia, a trilha é fator limitante da praia, uma vez que estes atrativos estão associados fisicamente.

É importante ressaltar que uma trilha de acesso pode vir a ser uma Limitante Crítica na definição da Capacidade de Carga ou de Suporte do atrativo principal como, p.ex., uma praia ou cachoeira. Melhor explicando, a praia, na ilustração ao lado, tem capacidade e 200 visitas/dia, enquanto que a trilha permite 50 visitas/dia, resultando que a capacidade da trilha “limita” a capacidade da praia.

Ou seja, se a infraestrutura turística ‘trilha-praia’ forma um complexo interconectado com acesso único, é necessário que a capacidade de carga turística do complexo seja determinada pela estrutura de menor capacidade real, pois do contrário, haverá sobrecarga na trilha.

Nesse caso, como utilizar a praia em sua plena capacidade ? Pode-se criar outro acesso, outra trilha, fazer melhorias na trilha existente de forma a aumentar sua capacidade,  ou, ainda fazer acesso por outro meio como, p.ex., de barco. Muitas vezes gestores ou empresários, que tem negócios nessa praia (bares, restaurantes, aluguel de equipamentos náuticos etc.), podem desrespeitar esses limites e vira causar dano. Danos esse que podem não ser mitigados ou corrigidos, ou com custos altos para reverter a situação.

Para otimizar o uso público da praia, que permite 300 visitas/dia, pode-se tomar decisões de manejo, tais como:

  • construir outra trilha de acesso
  • criar outras alternativas de acesso, p.ex. de barco, pelo rio ou pelo mar
  • adequar a trilha para que permita mais visitas/dia, p.ex. melhoria de trecho em aclive com a construção de degraus.

Outros exemplos de limitantes críticas:

  • A claridade (que pode prejudicar a vista) e o calor intensos por volta do meio-dia no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses
  • Ventos fortes colocando em risco a navegação de barcos turísticos no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos
  • Falta de água potável por escassez de chuvas no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.

Um caso exemplar de reparos a altos custos aconteceu na Trilha Inca, no Peru, em que Machu Pichu, sítio de Patrimônio de Cultural e Natural da Humanidade, foi ameaçado pela Unesco de perder o título, por sobre-uso causando consequentes danos excessivos.
Veja o estudo de caso: Trilha Inca – Impactos Negativos, Recuperação Unesco.

 Comentários
  • A evolução do conceito de Capacidade de Carga Turística e a diversidade de métodos de determinação é consequência de uma permanente dinâmica que permitirá sempre aperfeiçoamentos.
  • O fato de que na determinação da Capacidade de Carga Turística intervenham fatores relacionados com interesses e decisões humanas faz com que o conceito e os procedimentos para defini-la sejam controversos.
  • O crescente interesse pelo turismo na natureza (ecoturismo, esportivo, etc.) nos países em desenvolvimento, detentores da maior diversidade do planeta, criou a necessidade de fixar diretrizes ou limites claros para ordenar e manejar a visitação em áreas protegidas (sobretudo as mais frágeis).
  • Apesar dos avanços e da diversidade de métodos, no momento de determinar limites, nota-se uma carência de procedimentos, que, além de confiáveis, sejam práticos e aplicáveis, enquanto coerentes com a realidade local. Isso implica em estabelecer métodos de fácil aplicação, que reconheçam a carência de pessoal capacitado e de capacidade de manejo, a insuficiência de informações e a dificuldade de se poder, em países em desenvolvimento, contar com sistemas e tecnologia adequadas e atuais
  • A determinação da Capacidade de Carga Turística não deve ser tomada como um fim e nem como solução para os problemas advindos da visitação e deve ser considerada como uma ferramenta de planejamento que possibilita e requer decisões de manejo.
  • Em sendo a determinação e aplicação da Capacidade de Carga sujeitas as decisões humanas, estas estão sujeitas a julgamentos e/ou pressões sociais, econômicas e politicas, que podem desvirtuar a utilidade e uso desta ferramenta.
  • As mesmas decisões que possibilitam a definição da Capacidade de Carga Turística farão com que os locais de visitação variem, podem fazer aumentar ou diminuir a capacidade inicialmente definida. Este fato nos obriga a realizar revisões periódicas como parte de processo sequencial e permanente de planificação e ajuste do manejo da visitação.
  • mirante volcao poas costa rica cc miniToda determinação de Capacidade de Carga Turística, quando em unidades de conservação, deve ter como base a categoria e os objetivos da área protegida.
  • Pelo motivo da Capacidade de Carga Turística de um local (trilha, mirante, praia, cachoeira, etc.) depender de suas características particulares, em áreas com mais de um local de visitação, a CCT deve ser determinada para cada local sujeito a uso público, em separado.
    Na foto ao lado, mirante da cratera do Vulcão Poás, Costa Rica © Roberto M.F Mourão, 2005.
  • A (simples) somatória das capacidades de carga dos locais de uso público não pode ser tomada como a capacidade para toda a área protegida.
  • Deve-se considerar como unidade de medida de CCT “visitas/tempo/área” e não “visitantes/tempo/área” (apesar de ser mais fácil “medir” pessoas numa portaria). Uma mesma pessoa visitando repetidamente, num determinado tempo, uma mesma área, ocasionará efeitos repetitivos e acumulativos. Uma mesma pessoa, alojada em um camping, visitando repetidamente (p.ex. uma cachoeira ou praia), num determinado tempo, uma mesma área, ocasionará efeitos repetitivos e acumulativos. Ou seja é um visitante mas que pode realizar várias visitas a uma trilha, praia ou mirante, eventualmente causando danos.
  • Apesar de parecer uma simples questão de semântica, ao se referir a visitação a áreas protegidas, melhor se referir a “visitantes” e não “turistas”. Esta distinção permitirá aos gestores aceitar unicamente atividades que não vão de encontro com os objetivos da área. Um visitante deve compreender e aceitar que, desde o inicio da visitação, está sujeito a condições e regras diferentes que se aplicam a simples turistas, sobretudo no que se refere a serviços e facilidades.
  • Tem-se que reconhecer que a Capacidade de Carga Turística é relativa e dinâmica e em função de circunstâncias externas naturais, podem mudar.

De nada adianta estabelecer Capacidade de Carga se não for possível Manejar e Monitorar.

CC TJ fluxograma processo monitoramento

 

CCT turistas observando migracao masai mara frans lantingTuristas observando travessia do Rio Mara durante a migração entre os parques Masai Mara-Serenguetti © Frans Lanting
Impossível conceber a ideia de “baixo impacto” com essa quantidade de veículos de turistas.

 


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Capacidade de Carga Turística da Trilha Macuco Safari
Parque Nacional do Iguaçu 


Conceitos

 

 

Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
Para uso e permissões favor contatar: roberto@albatroz.eco.br

 

 

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