Foto: Surucuá-de-barriga-vermelha (Trogon-curucui) © João Quental 

Observação de Aves
Adequação da Observação de Aves aos Zoneamentos de Unidades de Conservação – UCs

por Roberto M.F. Mourão, Instituto EcoBrasil
Fonte: Análise de Viabilidade da Observação de Aves em Unidades de Conservação, IBAMA, 2000

 

Adequação da Observação de Aves aos Zoneamentos de UCs

Atividade de Baixo Impacto

Como podemos notar na tabela dos Principais Usos das Florestas e suas Ameaças, acima, as atividades relacionadas aTurismo e Lazer são as que menos podem vir a causar danos em áreas florestadas, como demonstra estudo do World Conservation Monitoring Center.

Adequação da Observação de Aves com Zoneamentos de UCs

Para estabelecer parâmetros para adequação da atividade de observação de aves em unidades de conservação deve-se de uma forma ampla, considerar os dois grupos de categorias de Unidades de Conservação – UCs definidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC:

  • UCs de Proteção Integral
  • UCs de Uso Sustentável

Primeiramente é importante salientar que a Observação de Aves, segmento do Turismo Sustentável ou do Ecoturismo, quando operada adequadamente, é uma atividade de baixo impacto, até por que por suas características operacionais, ela atua com grupos reduzidos (menos de 15 pessoas). Além disso, em geral os grupos são conduzidos por guias especializados, dando menos oportunidade a desvios comportamentais e vandalismo.

Vale comentar que, em se tratando de uso sustentável de recursos naturais, o turismo é considerado como uma das atividades de menor impacto em florestas, como podemos notar no estudo realizado pela organização World Conservation Monitoring Center, em agosto 1998, apresentado na tabela acima. O estudo analisa outros usos do solo, sendo que o “custo” ambiental e/ou cultural do turismo, no caso deste ser operado de forma responsável, é considerado inferior quando comparado a outros usos.

Turismo Responsável implica em:

  1. fornecimento de informações antes, durante e depois da viagem, trazendo oportunidade para aprender;
  2. apresentar aos consumidores uma imagem autêntica e real dos produtos (passeios, tours);
  3. fomentar o contato direto com os recursos naturais e experiências culturais;
  4. respeitar os sistemas locais de produção e o modo de aprender das comunidades;
  5. responsabilidade no uso e manejo dos recursos culturais e naturais da região ou das comunidades;
  6. distribuir resultados e benefícios do turismo de forma adequada e responsável.

Por outro lado deve-se tomar muito cuidado ao definir áreas para visitação onde serão implementadas atividades de observação de aves, uma vez que, em se tratando de interação “homem-fauna”, os indicadores dos limites aceitáveis de mudança são de difícil definição.

Cuidados especiais e infraestruturas adequadas deverão ser considerados em ninhais ou rotas migratórias.

Unidades de Conservação – Restrições à Visitação

Para o grupo das UCs de Proteção Integral, cujo objetivo básico é preservar a natureza, sendo admitido, com algumas exceções, apenas o uso indireto dos seus recursos naturais deve-se sub-dividir as categorias em 2 sub-grupos:

  • Parques Nacionais
  • Reservas Biológicas
  • Estações Ecológicas
  • Monumentos Naturais
  • Refúgios de Vida Silvestre

No primeiro sub-grupo, a atividade deverá estar restrita e relacionada com usos para educação e pesquisa, sendo composto de UCs categoria:

  • Reservas Biológicas
  • Estações Ecológicas

No segundo sub-grupo, a atividade de observação de aves poderá ser feita com maior flexibilidade, desde que disposta em seus planos de manejo e com regulamentação específica, não estando restrita e só relacionada com usos para educação e pesquisa, sendo composto de UCs categoria:

  • Parques Nacionais
  • Monumentos Naturais
  • Refúgios de Vida Silvestre

Para o grupo das UCs de Uso Sustentável, composto de:

  • Áreas de Proteção Ambiental
  • Áreas de Relevante Interesse Ecológico
  • Florestas Nacionais
  • Reservas Extrativistas
  • Reservas de Fauna
  • Reservas de Desenvolvimento Sustentável
  • Reservas Particular do Patrimônio Natural

Categorias onde proprietários e/ou usuários participam no estabelecimento de normas e restrições das condições de visitação, a atividade de observação de aves também poderá ser feita com maior flexibilidade, desde que disposta nos planos de manejo, com regulamento específico, não estando só restrita ou relacionada a usos para educação e pesquisa.

Adequação da Observação de Aves com Zoneamentos de Unidades de Conservação – UCs

Este documento analisa, de forma preliminar e sucinta, a atividade de observação de aves em Unidades de conservação e esta seção visa, sem visitas a campo, apresentar parâmetros para adequação da atividade com respeito ao zoneamento de UCs.

Face a dimensão continental do país, sua diversidade de habitats e categorias de nossas unidades de Conservação, que, por exemplo, em se tratando de parques nacionais, suas dimensões variam de alguns milhares a milhões de hectares, dever-se-á analisar UCs, caso a caso, para que parâmetros de uso sejam definidos.

Plano Plurianual de Ecoturismo da Floresta Nacional do Tapajós 2000-2004 – Croqui

Para ilustrar a relação Zoneamento-Observação de Aves, considerando a Floresta Nacional do Tapajós, da categoria de uso com menores restrições ao extrativismo e à visitação, com moradores em seu interior e entorno, com um perímetro de difícil controle e fiscalização, encontram-se assinaladas as áreas mais propícias para implantação de trilhas para a observação.

O croqui abaixo foi produzido para o Plano Plurianual de Ecoturismo 2000-2004, realizado pelo consultor Roberto M.F. Mourão, em setembro de 2000.

Esse Plano foi promovido pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ, antiga denominação: GTZ) em parceria com o Promanejo-IBAMA.

Critérios para Implementação de Trilhas na Flona do Tapajós

São 3 os critérios considerados para definir as prioridades (hipotéticas) de áreas assinaladas para implantação de trilhas são:

  • nenhuma ou pouca interferência antrópica
  • coerência com o zoneamento estabelecido pelo Plano de Manejo
  • possibilidade de recuperação dos recursos, pela proximidade da área primitiva

Deve-se ter em conta que parques nacionais são de extrema importância como indutores de fluxos de visitantes, já sendo em si poderosas ferramentas de marketing, sobretudo para ecoturismo e observação da fauna e flora silvestres.

Pesquisa realizada pelo Fundo Mundial para a Natureza – WWF, na década passada, revelou que 68% das pessoas em programas relacionados com natureza querem ver fauna.

 

 

 

Fotos:
– embarcação de fiscalização m/v Flona do Tapajós, Ilha de Carapanantuba, Rio Tapajós  © Roberto M.F. Mourão, 2000
– ninhal de guarás-piranga (Eudocimus ruber), região de Cururupu, Maranhão © Roberto M.F. Mourão, 1999

 

 



Observação de Aves

 

Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
Para uso e permissões favor contatar: roberto@albatroz.eco.br

 

 

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