Esportes
Avaliação do Roteiro do Surfe na Pororoca
Rio Araguari, Amapá, 2005

Consultores

Os consultores e outros participantes, foram convidados pelo sr. Luis Carlos Barboza, diretor técnico do Sebrae Nacional.

 

© www.8thingstodo.com/pororoca-waves

 

Objetivo

Avaliar o Roteiro do Surfe Pororoca (Macapá – Foz do Rio Araguari).

Período24 a 27 abril de 2005

Roteiro

Macapá – Itaubal – Cutias – Igarapé Novo – Foz Rio Araguari – Ferreira Gomes – Porto Grande – Macapá

Pororoca

Pororocamacaréu ou mupororoca é a forma como são denominados fenomenos que ocorrem na Amazônia.

Trata-se de um fenômeno natural produzido pelo encontro das correntes fluviais com as águas oceânicas.

Pororoca origina-se do tupi poro’roka, que é o gerúndio do verbo poro’rog, “estrondar”.

Descrição

O fenômeno manifesta-se, no Brasil, na foz do rio Amazonas e afluentes do litoral paraense e amapaense: Rio Araguari, Rio Maiacaré, Rio Guamá, Rio Capim, Rio Moju, e na foz do rio Mearim, no Maranhão. Esse choque das águas derruba árvores de grande porte e modifica o leito dos rios.

O fenômeno tem atraído praticantes de surfe, transformando-se numa atração turística regional amazônica.

Nota vide informações no final dessa avaliação.

Em julho de 2015, foi declarado oficialmente que o fenômeno já não ocorre no rio Araguari. A ocupação irregular de áreas nativas para a criação de búfalos foi um dos principais fatores que provocaram o fim do fenômeno da pororoca na bacia desse rio do extremo leste do Estado do Amapá.

Localização

Situado no extremo norte do pais, o Estado do Amapá tem uma superfície territorial de 140.276 Km², com fronteiras com o Estado do Pará, o Suriname e a Guiana Francesa.

O Amapá concentra uma das maiores diversidade em ambientes naturais, já que faz parte de dois grandes domínios geográficos: o amazônico e o oceânico, o que lhe atribui características muito particulares.

Pororoca quanto a formação e estruturação de seus ambientes naturais. A área alterada do Estado do Amapá inclui desmatamentos e outras formas de antropização em menos de 2% de seu território, de acordo com os dados do Zoneamento Ecológico Econômico realizado em 1988.

A concentração da população no eixo da única rodovia parcialmenteasfaltada, que liga o Estado de norte a sul, a rodovia Br-156, com ramificações pouco ambientalmente impactantes, tem assegurado a existência de grandes áreas contínuas com cobertura vegetal não alterada por ações antrópicas.

A diversidade de ecossistemas caracteriza a biogeografia do Amapá, ao lado do significativo capital de recursos naturais, cujo potencial para exploração sustentável depende de alocação de tecnologia e sistemas adequados de manejo e administração.

O Amapá apresenta um conjunto significativo de áreas protegidas e reservas indígenas, abrangendo mais de 40.000 Km² e correspondendo a cerca de 30% da superfície total do Estado, 4 vezes mais que a média nacional e o dobro da média da Região Norte.

Clima

O clima dominante é tropical úmido, com poucas variações de temperatura, sendo outubro o mês mais quente e, de fevereiro a abril, o período mais frio. As chuvas se estendem por um longo período, de dezembro a julho, com altos índices pluviométricos, que podem chegar a 500 mm por mês. O período seco entre agosto e novembro, é mais curto e a precipitação diminui para menos de 50 mm por mês. 

Acesso

O tempo de viagem no ida e na volta foi subestimado, comprometendo a agenda, agravado pelas condições da estrada comprometida pela estação das chuvas. Foram tomados cuidados para dar conforto na viagem. Porém utilizar um micro-ônibus não é o melhor tipo de transporte para uma estrada de terra e piçarra, em más condições.

O barco utilizado para o transporte fluvial, confortável, potente e seguro, é perfeito para o transporte nas chuvas, mas, para uso turístico, tinha pouco lugar descoberto para aproveitar a viagem ao ar livre e apreciar a natureza exuberante de entorno.

Hospedagem: razoável

Por causa da pouca permanência não se avaliou o Ceta Ecotel, em Macapá.

A hospedagem na Pousada Pororoca, junto ao Rio Araguari, oferecida foi boa e tratando-se de surfistas, é adequada. Mas não atenderia um mercado mais exigente.

Os bangalôs são visualmente agradáveis e razoavelmente confortáveis para tempos de permanências curtas a médias (até 2 semanas). A estrutura de madeira necessita de um contraventamento nas colunas de suporte das palafitas para diminuir o perceptível balanço que causa um leve desconforto, sobretudo àqueles pouco acostumados a esse tipo de acomodações (rústicas).

A pousada tem uma belíssima localização, bom conforto para um local na selva, comida honesta e saborosa, mas foi evidente que seus proprietários ainda precisam apoio para melhorar os serviços. Também deverão ter mais cuidado com a conservação (um dos bangalôs faltava interruptor e um dos hospedes levou um choque ao tentar acender a luz ao chegar ao quarto, no escuro).

Observação de Pororoca: precária

As condições para observação da Pororoca são precárias.

No barranco não tem lugar para sentar (o solo é um lamaçal) e não tem abrigo em caso de chuva.

Na observação da pororoca nas lanchas existe o perigo do motor morrer (como ocorreu com alguns dos barcos na chegada à pousada, no dia anterior).

Sendo o fenômeno relativamente curto vis-à-vis o tempo de transporte, sugerimos que os visitantes sejam alertados para levar binóculos, com isto aumentando a “proximidade” do visitante ao fenômeno e o tempo de observação.

Informações antes e durante o passeio: insuficientes

Entendemos que a viagem foi prospectiva e para avaliação de destino e programa, porém consideramos que maiores informações para subsidiar os especialistas e demais convidados. Existem razoável volume de informação na internet e alguns dos participantes, como nosso caso, possuem bastante experiência local . As informações fornecidas antes, durante (e até depois) do passeio não seriam adequadas para um tour.

O roteiro e informações enviados com antecipação eram incorretos e insuficientes. Os tempos dos traslados estavam incorretos (além do imprevisto das más condições da estrada) e as informações sobre a pororoca poderiam ter sido mais aprofundadas – tanto como fenômeno e como oportunidade esportiva.

Não foram aproveitados as oportunidades de falar mais sobre ecossistemas, fauna e flora do local, nem se apresentou oportunidade para observação.

O guia era muito simpático e atencioso, mas ainda precisa se informar mais sobre natureza e cultura local para conduzir um passeio desses.

A propósito, ao passarmos pelo Curiaú, fomos informados sobre a beleza e uso (de lazer e excursionista) do espaço, porém sequer se mencionou que trata-se de uma comunidade quilombola.

Conclusão e Recomendações

Com base nas experiências na visita, com conhecimento dos possíveis mercados alvos e outros destinos e produtos na Amazônia, a conclusão é que falta ainda muito para começar a comercializar o roteiro. No melhor caso o roteiro poderia ser oferecido como expedição, mas só com operadora experiente e clientes bem briefados sobre as condições da viagem.

Recomendamos, além das sugestões apresentadas pelos participantes durante uma breve análise SWOT feita com os participantes, no retorno a Macapá, a bordo da embarcação, conduzido pelo Sr. Luis Carlos Barboza:

  1. Investigar melhor as possibilidades de traslado e seus custos (que pela breve avaliação são altos, provavelmente pelo baixo e sazonal fluxo de visitantes);
  2. Investir na capacitação dos recursos humanos e empresários (guias, barqueiros, operadores hoteleiros) da região;
  3. Consolidar primeiro produtos de mais fácil acesso de Macapá;
  4. Pesquisar a fauna existente, sobretudo a de maior chances de avistagem, sobretudo da avifauna, que nos pareceu abundante;
  5. Coletar dados sobre o fluxo, preferências e avaliações dos turistas atuais;
  6. Conhecer melhor os mercados potenciais para se estabelecer estratégias de promoção e indução de fluxos;
  7. Promover, através de qualidade de informações úteis e interessantes sobre o estado, evitando não ficando na tentação de produzir material promocional visualmente agradável porém de fraco conteúdo. Um bom começo seria ter um website trilingue: inglês, francês e português.
  8. Construir alianças com ongs, ICMBio e outras instituições de fomento regionais e estaduais para fortalecer a base socio-cultural e ambiental do turismo. 
  9. Pesquisar e contatar as instituições abaixo relacionadas para se obter informações que possam subsidiar a elaboração de programas e pacotes turísticos para ecoturistas, esportistas e viajantes especializados (tais como: observadores de fauna e flora, profissionais e técnico-científico)

 

 


  • Fim da pororoca no Rio Araguari é irreversível, segundo especialistas. (Portal G1, julho 2015)
    O fim de um dos fenômenos naturais mais conhecidos do Amapá, a pororoca, parece ser um caminho sem volta. Mesmo com investigações e estudos anunciados pelo Ministério Público Federal e órgãos ambientais do estado para saber as reais causas e alternativas para o Amapá ter de volta as famosas ondas, especialistas avaliam que o retorno do fenômeno tende a ser irreversível. As possibilidades levantadas por especialistas para o fim da pororoca são a soma de três fatores: (1) a construção de três hidrelétricas no rio Araguari; (2) a abertura de canais para levar águas a fazendas; (3) a degradação causada pelo pisoteio de búfalos na região.
  • O fim da pororoca brasileira (Quicksilver, setembro 2015)
    Qualquer surfista brasileiro conhece bem este fenômeno, e muitos gringos atravessaram o globo em busca da tão sonhada onda perfeita. A pororoca era sinônimo de orgulho e representava o diferencial em termos de surf no Brasil. Rio e mar se confrontavam, fazendo a alegria de marmanjos e criando uma onda com mais de dez quilômetros de extensão.

 

 

 

Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
Para uso e permissões favor contatar: roberto@albatroz.eco.br

 

 

 

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