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Hotel Aldeia dos Lagos
Ilha de Silves, Amazônia

Autoria e © Fotos: Roberto M.F. Mourão, Instituto EcoBrasil, 2006

 

Hotel Aleia dos Lagos

O Hotel Aldeia dos Lagos, inaugurado em julho de 1996, após um longo e difícil processo de construção, com apoio do Governo da Áustria, Governo da Suécia e do WWF Brasil e Áustria, situa-se em Silves, um município do Estado do Amazonas, uma ilha fluvial situada numa região de lagos de preservação, a 300 quilômetros a leste de Manaus, na confluência do Rio Urubu com o Lago Canaçari, afluentes do rio Amazonas. A idéia da pousada surgiu com o reconhecimento da importância de conservar os lagos dos santuários e da possibilidade de o ecoturismo fornecer o sustento econômico.

Há tempos a comunidade de Silves vem buscando meios para a defesa de seus recursos pesqueiros e da pesca artesanal, ameaçados pela pesca comercial. A pressão da comunidade resultou na criação de uma Reserva Municipal de Proteção Ambiental, que possibilitou o zoneamento e controle dos lagos. Apesar de ser uma área protegida, a Reserva não contava com recursos governamentais para a sua proteção e manejo.

A Associação de Silves Pela Preservação Ambiental e Cultural (ASPAC), é uma organização não-governamental sem fins lucrativos composta pelas comunidades locais e seus membros, que vivem na região de lagos amazônicos cercam de Silves.

Visando recuperar, controlar e conservar o estoque pesqueiro por meio de um sistema efetivo de manejo dos lagos, a comunidade local criou a ong para fiscalizar e manejar os lagos da Reserva.

O objetivo do projeto foi viabilizar o primeiro empreendimento comunitário de Ecoturismo da Amazônia, com renda utilizada em benefício da conservação do sistema de lagos de pesca da região, e para a melhoria da qualidade de vida dos ribeirinhos da região da Ilha de Silves.

Implementação / Fases

A primeira fase começou em 1994 e envolveu a projeção, construção e divulgação da pousada, com o apoio financeiro do governo da Áustria. O hotel de selva foi projetado por um arquiteto de Manaus e construído numa clareira na periferia da sede do município, num total de 5 hectares.

Durante a primeira fase de implementação (1994–96), foi construída a infraestrutura básica de hotelaria e a comunidade recebeu treinamento para a sua operação.

Na segunda fase (1997–99), foram desenvolvidos roteiros turísticos aproveitando a paisagem da região e sua cultura, possibilitando o convívio dos ecoturistas com as populações tradicionais.

O Hotel

O hotel consiste num edifício principal com restaurante, loja de artesanato, salão para reuniões, área de recreação, lavanderia, área de serviços, e mirante.

A pousada possui 2 blocos em alvenaria com:

  • 6 apartamentos cada bloco,
  • com banheiro privativo,
  • ar-condicionado,
  • janelas teladas, e
  • serviço de telefonia e a energia é 110 volts.
Operação Hoteleira

O hotel começou a funcionar em 1996 com três grupos de turistas italianos, captados por Tibério Allogio, um italiano que assessorava a comunidade. Desde então, está funcionando principalmente com turistas estrangeiros.

Em 1997, a pousada recebeu cerca de 600 hóspedes, e foi em 2000 que houve o melhor fluxo de turistas, registrando o maior lucro desde a sua fundação. Recentemente, o número de visitantes vem se recuperando diante da queda de movimento registrado em 2001, gerado em parte pela reforma do hotel no início do ano, e depois pela crise mundial no turismo em decorrência dos fatos de 11 de setembro 2001.

Os pacotes vendidos têm maior duração do que em outros hotéis da região, ou seja, de 4 a 6 dias. O público alvo é formado por pessoas interessadas em contribuir para a conservação do meio ambiente e social. O marketing é feito através de algumas agências e ong promovendo os conceitos de conservação e desenvolvimento sustentável.

Devido ao seu objetivo ser a conservação dos lagos, santuários e a participação comunitária, existe uma oferta de atividades diferenciadas onde cada comunidade dispõe de uma diferente. Elas variam desde a pesca noturna até piquenique na comunidade, com estórias contadas pelos moradores.

 A Aldeia dos Lagos é a primeira iniciativa de ecoturismo com base comunitária na região amazônica, devendo ser reconhecido pelo seu esforço e pioneirismo neste ramo, por ter enfrentado inúmeras dificuldades e desafios. Desde a sua implantação ocorreram outras iniciativas. Hoje, a Aldeia dos Lagos, funciona por si própria, entende o conceito de turismo sustentável e está no caminho certo para o êxito total neste âmbito.

Acesso / Transporte

Transferência de parte terrestre – cerca de 3:00 horas:
A partir de Manaus via rodovia AM-010, estrada pavimentada Manaus-Itacoatiara, até a segunda ponte do Rio Urubu.

Transferência de parte fluvial – cerca de 1:30 horas:
De Itacoatiara, usando um barco a motor pelo rio Urubu até ilha Silves. Durante o verão, é possível ir para Silves por estrada de terra (piçarra) Manaus-Itacoatiara AM-010), 230 km em estrada pavimentada mais 120 quilômetros em uma estrada de terra, por ônibus municipal ou táxi.

 Participação Comunitária

Atualmente, 4 comunidades ribeirinhas participam diretamente do produto elaborado para o hotel. O lucro líquido da operação do ecoturismo pela ASPAC e seus parceiros é investido no manejo e fiscalização da reserva.

Em 1999 teve início uma parceria entre a ASPAC e o Projeto Várzea do IPAM para que o último assessore a ASPAC no manejo comunitário dos lagos.

Pesquisa de Participação Comunitária

Pesquisa realizada em 2002, analisou a participação de 3 comunidades na operação da pousada: São João, Santa Luzia do Sanabani e São Sebastiao do Itabani, que tem participação variável na prestação de serviços de barqueiros, cozinheiro, fiscalização ambiental, carregador, carpinteiro, motorista e palestrantes.

As comunidades também fornecem produtos: farinha, peixe, frutas, verduras, leite e queijo.

Fonte: “O Turismo praticado pela Pousada Ecológica Aldeia dos Lagos junto às comunidades de São João, Santa Luzia do Sanabani e de São Sebastião do Itabani, no Município de Silves, Amazonas”. Vanúbia Moncayo, Universidade Federal do Amazonas e Joana D’Arc Riberio, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 2005. 

 

Download: Estudo de Caso Hotel dos Lagos, Silves, Amazônia (pdf, 2016)

 

 

Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
Para uso e permissões favor contatar: roberto@albatroz.eco.br

 

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