Sistemas Agroflorestais – SAFs
Fonte: Manual Agroflorestal para a Mata Atlântica, Rebraf, 2008
Definição e classificação
Os Sistemas Agroflorestais – SAFs são sistemas de uso da terra nos quais espécies perenes lenhosas (árvores, ar bustos, palmeiras e bambus) são intencionalmente utilizadas e manejadas em associação com cultivos agrícolas e/ou animais.
Um determinado consórcio pode ser chamado de agroflorestal na condição de ter, entre as espécies componentes do consórcio, pelo menos uma espécie tipicamente florestal, ou seja, uma espécie nativa ou aclimatada, de porte arborescente ou arbustivo, encontrada num estado natural ou espontâneo em florestas ou capoeiras (florestas secundárias).
O Centro Mundial Agroflorestal (The World Agroforestry Centre) adotou mais recentemente a seguinte definição:
“a Agrossilvicultura é a integração de árvores em paisagens rurais produtivas.”
Essa definição tem a vantagem de ser mais breve e mais abrangente.
Antes dessa nova posição, a agrossilvicultura era considerada exclusivamente como um alicerce para sistemas produtivos mais duráveis, com componentes arbóreos florestais. Agora existe um reconhecimento internacional sobre a importância das árvores tanto nos sistemas de produção (florestas, agroflorestas), como nas paisagens.
Na escolha das espécies perenes, é dada preferência às geradoras de renda.
Porém, diversas espécies perenes sem ou com pouco valor comercial compõem os sistemas, seja para melhorar a capacidade produtiva do solo (espécies adubadoras, submetidas periodicamente a podas ou rebaixamentos – ingás, crindiúva etc.), seja para cumprir outras funções (espécies de serviço, mantidas, principalmente, para estabelecer um ambiente favorável à introdução de outras espécies desejáveis).
Dá-se grande importância às espécies de uso múltiplo; para citar apenas um exemplo dentre tantos outros: o ingá-cipó melhora a fertilidade do solo, fornece mel de qualidade, a polpa que envolve as sementes é muito apreciada pelas crianças, proporciona sombra para os cafeeiros, e fornece boa lenha.
No Bioma Mata Atlântica, muitas espécies florestais nativas são frutíferas – por exemplo: a jabuticaba.
Porém, fruteiras tais como abacateiro e pessegueiro não são espécies florestais, o que podemos dizer que um consórcio limitado a café e abacateiro não se torna um SAF; um consórcio limitado a pessegueiro com cultivos agrícolas de ciclo curto também não se caracteriza como um SAF, não obstante o fato de o pessegueiro fornecer linda madeira de qualidade para assoalhos de luxo, são cultivos perenes agrícolas.
Consórcios agrícolas não são SAFs.
Diversos cipós ou plantas trepadeiras podem entrar na composição de SAFS como componentes geradoras de renda (cipós com propriedades medicinais, por exemplo).
Classificação dos SAFs
Os SAFs têm sido classificados de diferentes formas, segundo sua estrutura no espaço, seu desenho através do tempo, a importância relativa e a função dos diferentes componentes, assim como os objetivos da produção e suas características sociais e econômicas (Macedo et. al, 2.000).
Na classificação de uso mais difundida, procura-se considerar os aspectos funcionais e estruturais como base para agrupar estes sistemas em categorias:
Sistemas silviagrícolas
São caracterizados pela combinação de árvores, ar bustos ou palmeiras com espécies agrícolas. Por exemplo: o consórcio “café-ingá-louro pardo” ou “pupunha-cupuaçu-castanheira”.- Sistemas silvipastoris
São caracterizados pela combinação de árvores, arbustos ou palmeiras com plantas forrageiras herbáceas e animais. - Sistemas agrossilvipastoris
São caracterizados pela criação e manejo de animais em consórcios silviagrícolas, por exemplo: criação de porcos em agroflorestas ou, ainda: um quintal com frutíferas, hortaliças e galinhas.
Existe uma tendência de propor uma categoria adicional: os sistemas silvi-apícolas. Porém, não parece necessário, pois a produção de mel pode ser integrada em diversos tipos de sistemas silviagrícolas e sistemas agrossilvipastoris. A apicultura em sistemas silvipastoris não é sempre recomendável.
No Brasil, alguns profissionais e usuários de SAFs utilizam o termo “sistema agrossilvipastoril” para designar os SAFs no seu conjunto. Entretanto, isso não é correto. A palavra utilizada para designar as diversas alternativas de uso agroflorestal da terra, no seu conjunto, são Sistemas Agroflorestais.
Por outro lado, o termo Agrossilvicultura é utilizado para designar técnicas empregadas na implantação e manejo de SAFs, da mesma forma que silvicultura documenta os métodos naturais ou artificiais de formar, manejar e regenerar florestas nativas ou florestas plantadas.
Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
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