Pesquisa e Autoria: Roberto M.F. Mourão, ALBATROZ Planejamento
Mudanças Climáticas
Crise Climática
A Crise Climática refere-se ao aquecimento global e suas consequências, causados principalmente pelas emissões de gases de efeito estufa resultantes da atividade humana, como queima de combustíveis fósseis, desmatamento e industrialização.
Isso leva a alterações no clima, tais como:
- aumento da temperatura média da Terra;
- mudanças nos padrões de precipitação;
- aumento do nível do mar; e
- eventos climáticos extremos, como secas, furacões e inundações.
Essas mudanças têm impactos significativos:
- no meio ambiente;
- na biodiversidade;
- na saúde humana; e
- na economia, afetando a segurança alimentar, o acesso à água potável e a estabilidade social.
A crise climática exige ações urgentes e coordenadas em nível global para mitigar seus efeitos e adaptar-se às novas realidades climáticas.
Causas das Mudanças Climáticas
Sempre houve mudanças climáticas no planeta.
Mas o aquecimento global que testemunhamos há cerca de 150 anos é anômalo, pois foi desencadeado pelo homem e as suas atividades.
É o chamado Efeito Estufa Antropogênico e se soma ao Efeito Estufa Natural.
Com a revolução industrial, o homem passou a despejar na atmosfera milhões de toneladas de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, fazendo com que a quantidade de CO2 presente na atmosfera dobrasse em relação aos valores mínimos dos últimos 700 mil anos.
Há cerca de 15 anos, os dados produzidos por cientistas ao redor do mundo, analisados e sistematizados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), concordam em declarar que o Aquecimento Global deriva do Efeito Estufa Antropogênico, ou seja “Tudo aquilo que for gerado por ações do homem”. O principal efeito antrópico está associado à utilização de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão, pois suas queimas liberam dióxido de carbono.
Nos últimos dois séculos, as temperaturas globais aumentaram em média 1° C e são resultado da mudança climática antropogênica, sendo que algumas áreas estão mais quentes do que outras. Esse aumento – junto com o crescimento da frequência e da gravidade das ondas de calor – tem consequências sérias para a saúde humana.
Na verdade, as bases científicas da ligação entre os níveis de dióxido de carbono e a temperatura já tinham sido estabelecidas no século passado, graças ao trabalho do Prêmio Nobel Svante Arrhenius (foto à esquerda), confirmado pelo cientista americano David Keeling (foto à direita), na década de sessenta.
As mudanças climáticas são causadas principalmente por fatores humanos e naturais, mas as atividades humanas têm um papel central.
Causas Humanas das Mudanças Climáticas
1. Queima de Combustíveis Fósseis
A combustão de carvão, petróleo e gás natural para energia e transporte libera grandes quantidades de dióxido de carbono (CO₂) e outros gases de efeito estufa na atmosfera.
2. Desmatamento
A remoção de florestas para agricultura, urbanização e exploração madeireira reduz a capacidade da Terra de absorver CO₂, contribuindo para o aumento dos níveis de gases de efeito estufa.
3. Agricultura Intensiva
Práticas agrícolas, como o uso de fertilizantes químicos e o cultivo de gado, liberam metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O), que são gases de efeito estufa potentes.
4. Processos Industriais
Processos industriais também emitem gases de efeito estufa e poluentes que afetam o clima.
5. Resíduos
O acúmulo de lixo, especialmente em lixões e aterros sanitários não sustentáveis, gera emissões de metano.
Causas Naturais das Mudanças Climáticas
1. Variações Solares
Mudanças na radiação solar podem influenciar o clima, mas têm um impacto menor em comparação com as atividades humanas.
2. Erupções Vulcânicas
Podem liberar partículas e gases que afetam temporariamente o clima, mas seus efeitos são geralmente de curto prazo.
3. Mudanças nas Correntes Oceânicas
Alterações naturais nas correntes oceânicas podem afetar padrões climáticos regionais.
Embora existam causas naturais, a evidência científica aponta que as atividades humanas são o principal motor das mudanças climáticas atuais, especialmente desde a Revolução Industrial.
Consequências das Mudanças Climáticas
Em comparação com os níveis pré-industriais, a temperatura média do planeta aumentou 0,98 °C e a tendência observada de 2000 até hoje prevê, se não forem tomadas providências, um aumento adicional de +1,5 °C até 2030.
O impacto do Aquecimento Global já é evidente:
- As geleiras marinhas do Ártico diminuíram em média 12,85% a cada dez anos;
- Os registros das marés costeiras mostram um aumento de 3,3 milímetros no nível do mar por ano desde 1870;
- O decênio 2009-2019 foi o mais quente já registrado e 2020 foi o segundo ano mais quente de todos os tempos, logo abaixo do recorde de 2016;
- As “Estações dos Incêndios” têm se tornado mais longas e intensas; de 1990 até hoje;
- Os Eventos Climáticos Extremos, como ciclones e inundações, vêm aumentando a cada ano, até mesmo em períodos atípicos em relação ao passado, com efeitos cada vez mais devastadores;
- As espécies vegetais e animais se deslocam de maneira imprevisível de um bioma para outro, causando danos incalculáveis à biodiversidade em todo o mundo.
Definir isso usando o termo Mudanças Climáticas está correto, mas não transmite suficientemente a ideia – precisamos começar a falar em Crise Climática, pois o clima sempre mudou, mas não de forma tão rápida e não com infraestruturas rígidas e complexas como são as cidades e o sistema de produção ao qual os países mais industrializados estão acostumados.
As consequências das mudanças climáticas são amplas e afetam diversas áreas da vida na Terra.
Principais consequências:
1. Aumento da Temperatura Global
O aumento das temperaturas médias resulta em ondas de calor mais frequentes e intensas, afetando a saúde humana e os ecossistemas.
2. Derretimento das Calotas Polares e Glaciares
O derretimento das geleiras contribui para a elevação do nível do mar, ameaçando áreas costeiras e ilhas.
3. Aumento do Nível do Mar
O aumento do nível do mar pode levar à inundação de cidades costeiras, erosão e perda de habitats naturais.
4. Eventos Climáticos Extremos
Aumento na frequência e intensidade de furacões, tempestades, secas, inundações e incêndios florestais, causando danos significativos a comunidades e ecossistemas.
5. Alterações nos Padrões de Precipitação
Mudanças nos padrões de chuva podem resultar em secas severas em algumas regiões e inundações em outras, impactando a agricultura e o abastecimento de água.
6. Impacto na Agricultura
Alterações climáticas podem afetar a produtividade das colheitas, ameaçando a segurança alimentar e levando a aumentos nos preços dos alimentos.
7. Perda de Biodiversidade
Mudanças nos habitats naturais podem levar à extinção de espécies e à degradação dos ecossistemas.
8. Impactos na Saúde Humana
O aumento de doenças relacionadas ao calor, a propagação de doenças transmitidas por vetores e problemas respiratórios devido à poluição do ar.
9. Deslocamento de Populações
Comunidades podem ser forçadas a migrar devido a condições climáticas extremas, escassez de recursos ou perda de habitat.
10. Efeitos Econômicos
Danos a infraestrutura, custos relacionados a desastres naturais, e impactos na produtividade podem resultar em perdas econômicas significativas.
Essas consequências destacam a urgência em agir para mitigar as mudanças climáticas e se adaptar às novas realidades que elas trazem.
Ações Para Mitigar as Mudanças Climáticas
Mitigar as mudanças climáticas requer uma combinação de ações individuais, comunitárias, governamentais e corporativas.
Algumas estratégias eficazes
1. Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa
– Transição para Energias Renováveis
Investir em solar, eólica, hidroelétrica e outras fontes de energia limpa.
– Eficiência Energética
Melhorar a eficiência em edifícios, indústrias e transportes para reduzir o consumo de energia.
2. Reflorestamento e Conservação Florestal
– Replantio de Árvores
Implementar programas de reflorestamento para aumentar a absorção de CO₂.
– Proteção de Florestas
Combater o desmatamento e preservar ecossistemas naturais.
3. Agricultura Sustentável
– Práticas Agrícolas
Adotar técnicas que aumentem a produtividade sem aumentar as emissões, como rotação de culturas e agroflorestas.
– Redução de Resíduos
Melhorar o manejo de resíduos agrícolas e promover a compostagem.
4. Transporte Sustentável
– Promoção de Transportes Alternativos
Incentivar o uso de bicicletas, transporte público e veículos elétricos.
– Carona e Compartilhamento
Fomentar práticas como caronas e serviços de compartilhamento de carros.
5. Educação e Conscientização
– Campanhas de Informação
Aumentar a conscientização sobre as mudanças climáticas e as ações que podem ser tomadas.
– Formação de Líderes
Capacitar comunidades para que liderem iniciativas locais de mitigação.
6. Políticas Públicas e Acordos Internacionais
– Compromissos Governamentais
Adotar políticas que visem reduzir emissões, como limites de emissões e incentivos para energias renováveis.
– Acordos Globais
Participar de tratados internacionais, como o Acordo de Paris, para coordenar esforços globais.
7. Inovação Tecnológica
– Investimento em Pesquisa
Apoiar o desenvolvimento de novas tecnologias que ajudem a capturar carbono ou que sejam mais eficientes em termos energéticos.
– Soluções Naturais
Explorar métodos como a captura e armazenamento de carbono (CAC).
8. Mudanças no Consumo
– Dieta Sustentável
Reduzir o consumo de carne e laticínios, promovendo dietas baseadas em plantas.
– Redução de Desperdício
Minimizar o desperdício de alimentos e promover a economia circular.
Cada uma dessas ações pode contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas, especialmente quando implementadas de forma integrada e colaborativa.
Acordos internacionais
Um dos primeiros passos para discutir as mudanças climáticas começou com o Clube de Roma, em 1968.
Em dezembro de 2015, na Conferência das Partes (COP21) da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCC), foi assinado o esperado Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, que fornece um quadro confiável para alcançar a descarbonização, com metas de longo prazo para enfrentar as mudanças climáticas e uma estrutura flexível baseada na contribuição de cada governo.
Os governos signatários se comprometeram a limitar o aumento da temperatura em menos de 2 °C acima dos níveis pré-industriais, esforçando-se em não superar 1,5 °C, para atingir o pico de emissões o quanto antes e alcançar a neutralidade de carbono na segunda metade do século.
Em 2021, a COP26 em Glasgow reafirmou seu compromisso de alcançar a chamada Neutralidade de Carbono globalmente até 2050.
A ciência oferece dados confiáveis e projeções de cenários futuros cuidadosamente estudadas.
As mudanças climáticas não esperam e não param.
É necessária uma forte mudança cultural, uma verdadeira troca de paradigma para traduzir em realidade o que todos agora concordam.
Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
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