Fundos de Parceria

1. Conceito de Fundo de Parceria

Fundos de Parceria (em inglês, Partnership Funds) são veículos de investimento estruturados como parceriasgeralmente limitadas (Limited Partnerships) – em que um ou mais investidores se unem para investir em determinados ativos ou projetos.

Eles são comuns em setores como Private EquityVenture CapitalFundos ImobiliáriosInfraestrutura e Fundos de Investimento em Participações.

Em resumo:

  • Estrutura Jurídica: geralmente uma Sociedade Limitada ou uma Sociedade em Conta de Participação, onde há:
    • Um gestor ou sócio-gerente (também chamado de General Partner – GP), que administra o fundo.
    • Um ou mais investidores/sócios limitados (Limited Partners – LPs), que apenas aportam capital e não participam da gestão.
  • Objetivo: investir em ativos específicos (startups, imóveis, infraestrutura etc.) por meio de uma estrutura compartilhada.
  • Duração: tipicamente fechada (com prazo de início e fim), especialmente em fundos de private equity e venture capital.
  • Governança: definida em contrato social ou regulamento, com regras claras sobre aportes, saques, distribuições, responsabilidades e decisões.
2. Como criar um Fundo de Parceria

2.a. Definir o tipo de Fundo e Estratégia de Investimento

    • Exemplos: investimento em imóveis, startups, projetos de energia, agronegócio, etc.
    • Determinar o perfil dos investidores (qualificados, profissionais, institucionais).

2.b. Escolher a estrutura jurídica

    • No Brasil, fundos geralmente seguem regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
    • Fundos podem ser:
      • Fundos regulados (ex: FIP, FIDC, FII)
      • Estruturas privadas via SCPs ou SPEs para projetos menores, fora do ambiente regulado.

2.c. Criar documentos legais

    • Contrato de sociedade / regulamento do fundo
    • Memorando de colocação privada (Private Placement Memorandum – PPM)
    • Acordos de participação e responsabilidades (quem aporta quanto, como lucros serão distribuídos, regras de saída etc.)

2.d. Constituir a Gestora e administrador (se for regulado)

    • Gestora: empresa registrada na CVM como “gestora de recursos”.
    • Administrador fiduciário: instituição que garante cumprimento das normas.

2.e. Captação de Recursos

    • Roadshow e apresentação aos investidores.
    • Assinatura dos contratos de parceria/investimento.

2.f. Execução da estratégia de investimento

    • O gestor toma decisões de investimento conforme o plano e o mandato.
3. Como gerenciar um fundo de parceria

3.a. Governança Ativa

    • Reuniões Periódicas com Investidores.
    • Comitês de Investimento ou Auditoria, conforme estipulado.

3.b. Gestão de portfólio

    • Monitoramento dos Ativos Investidos.
    • Avaliação de Performance e tomada de decisão sobre Desinvestimentos.

3.c. Compliance e prestação de contas

    • Relatórios Periódicos (balanço, DRE, relatório de gestão).
    • Conformidade com regras da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), se for regulado ou com o contrato.

3.d. Distribuição de Resultados

    • Lucros distribuídos conforme cotas ou percentuais acordados.
    • Pode haver Taxa Mínima de Retorno (Hurdle Rate), Participação dos Gestores nos Lucros (Carried Interest) etc.

3.e. Desinvestimento e Encerramento

    • Venda dos Ativos.
    • Distribuição final dos recursos aos investidores.
    • Liquidação da sociedade/fundo.

 

4. Fundos de Parceria para Fortalecer Associações Comunitárias Sem Fins Lucrativos

Proposta

Utilizar Fundos de Parceria para fortalecer Associações Comunitárias Sem Fins Lucrativos e, ao mesmo tempo, criar postos de trabalho e gerar renda é uma estratégia altamente eficaz, desde que bem estruturada.

A seguir está 0 passo-a-passo com ideias práticas para alcançar esse objetivo.

Entendimento do Fundo de Parceria

Antes de tudo, é importante entender:

  • Quem disponibiliza o fundo: governos, empresas, organismos multilaterais?
  • Objetivos do fundo: fortalecimento institucional, desenvolvimento local, inovação, geração de renda?
  • Critérios de elegibilidade: tipo de organização, área de atuação, capacidade técnica.
  • Exigências de contrapartida: financeira ou não-financeira?

Diagnóstico da Associação Comunitária

Faça um levantamento claro da situação atual da associação:

  • Quais são seus principais desafios?
  • Quais atividades já realizam que têm potencial de expansão?
  • Qual a vocação da comunidade (agricultura, artesanato, turismo, reciclagem etc.)?
  • Quais são as competências dos membros da associação?

 Planejamento do Projeto com Foco em Trabalho e Renda

Elabore um projeto com metas claras, eixos possíveis incluem:

  • Criação de Negócios Comunitários
    • Cooperativas de produção (ex: agricultura familiar, costura, panificação, biojóias).
    • Serviços comunitários (ex: coleta seletiva, turismo de base comunitária, manutenção local).
    • Oficinas de capacitação com produção (ex: cursos com venda dos produtos).
  • Capacitação Profissional
    • Parcerias com Senai, Sebrae, universidades ou outras ongs.
    • Oficinas de habilidades práticas com certificação (culinária, mecânica, informática, marcenaria, etc).
  • Infraestrutura e Equipamentos
    • Aquisição de máquinas, ferramentas ou instalações que viabilizem atividades produtivas.
    • Criação de espaços multiuso: cozinhas comunitárias, galpões de produção, centros de formação.

Fortalecimento Institucional da Associação

Use parte dos recursos do fundo para:

  • Profissionalização da gestão: contratação de coordenadores, contadores, consultores.
  • Regularização jurídica e contábil.
  • Desenvolvimento de um plano de sustentabilidade (como manter as ações após o fim do projeto).
  • Comunicação e mobilização comunitária.

Geração de Postos de Trabalho

Planeje atividades com metas de contratação ou envolvimento direto de moradores, como:

  • Empregos diretos (coordenação de projeto, produção, vendas).
  • Pagamento de bolsas para capacitações práticas.
  • Contratação de serviços locais (pedreiros, costureiras, cozinheiras, etc.).

Monitoramento e Avaliação

Para garantir a efetividade:

  • Crie indicadores de impacto (ex: número de pessoas capacitadas, geração de renda mensal, número de produtos vendidos).
  • Envolva a comunidade na avaliação do projeto.
  • Apresente relatórios periódicos aos doadores/parceiros.

Exemplos de Aplicação Prática

  • Projeto de agricultura urbana: instalação de hortas comunitárias com venda direta da produção e geração de renda para famílias.
  • Fábrica de sabão ecológico: aproveitamento de óleo usado com capacitação e venda em feiras.
  • Turismo comunitário: capacitação em hospitalidade, criação de roteiros culturais e ambientais.
  • Costura solidária: oficinas com produção de uniformes escolares ou sacolas ecológicas.

Parcerias Estratégicas

Apoie-se em parceiros para fortalecer a execução:

  • Universidades (extensão universitária),
  • Ongs maiores com know-how técnico,
  • Empresas (programas de responsabilidade social),
  • Poder público (secretarias de desenvolvimento, cultura, meio ambiente).

 

 


 

 

 

 


 


 

 

 

Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
Para uso e permissões favor contatar: roberto@albatroz.eco.br

 

 

 

 

Parceiros e Apoiadores