Bioconstrução
Hiperadobe
O que é
O Hiperadobe é uma técnica de bioconstrução, onde sacos Raschel (malharia por urdume), são preenchidos com terra e através de compactação manual, as camadas se estabilizam em um material portante e seguro. Por isso são pesadas e necessitam de um bom nivelamento do solo.
As Malhas por Urdume (MU) têm sua construção num processo semelhante ao dos tecidos comuns (planos) em que um ou mais conjuntos de fios são dispostos lado a lado e seu entrelaçamento acontece de forma verticalizada. São tecidos indesmalháveis em que vários fios são entrelaçados no sentido do comprimento do tecido.
História do Hiperadode
Abrigos de sacos de terra têm sido usados há décadas, principalmente para estruturas de refúgio para tempos de guerra. Ainda antes da Primeira Guerra Mundial soldados usaram sacos cheios de areia ou terra do próprio local para criar bunkers e barreiras para proteção.
No século passado, outros prédios de sacos de terra passaram por uma extensa pesquisa, ganhando reconhecimento global como solução para habitação de baixo impacto.
Quem popularizou a construção com terra ensacada foi Nader Khalili, arquiteto iraniano. Inicialmente em 1984, em resposta a uma convocação feita pela Nasa de projetos habitacionais para futuros assentamentos humanos na Lua e em Marte, ele propôs criar cúpulas utilizando o solo da lua para encher os tubos de sacos de plástico.
Vantagens do Hiperadobe
Esta técnica de construção de terra ensacada gera vários benefícios, proporcionando microclima muito agradável e saudável dentro da casa.
Salubridade
As parede de terra “respiram”, isso significa que elas podem absorver e reter com segurança o vapor de umidade dentro de sua estrutura molecular quando os níveis de umidade relativa são altos, e então liberam-o de volta à atmosfera quando os níveis de umidade relativa caem. Sendo assim, mantêm a umidade relativa do ar entre 40% e 60%, que é o nível mais saudável para o ser humano.
Economia de materiais
O valor dos materiais da construção com terra ensacada geralmente é mais baixo que uma construção convencional. A terra, se obtida no local do terreno, pode sair de graça.
Já os sacos utilizados na sua confecção custam aproximadamente 1 real por metro linear. Inicialmente esses sacos eram produzidos para embalagens de hortifruti, cítricos, etc. Mas atualmente empresas também fornecem sacos contínuos de 500 ou 1000 metros lineares, já adaptados para fim de construção.
Já o valor de mão de obra de terra ensacada é maior em comparação com outras técnicas. Como é um trabalho pesado, exige a presença de pelo menos 4 pessoas para paredes baixas, e subindo a altura das paredes, é necessário adicionar mais pessoas para ajudar no levantamento do material.
Rapidez
É também alta a velocidade da construção da parte “grossa” . Uma equipe de 4 pessoas consegue fazer perto de 80 a 100 metros lineares de parede por dia. A altura de cada camada é de 10 cm, assim é possível fazer de 8 a 10 m2 por dia de paredes baixas sem acabamentos. T
Eficiência energética
A certificação de eficiência energética de um edifício é o processo pelo qual se verifica a conformidade da classificação energética obtida através de qualquer uma das ferramentas reconhecidas para obtenção desta classificação.
A espessura da parede junto com o reboco fica com 40 cm, isso deixa uma inércia térmica muito grande que permite manter a constância da sua temperatura interna.
A eficiência energética dos imóveis deveria ser prioridade de todos, tanto dos pequenos consumidores como das grandes indústrias. Afinal, muitos recursos energéticos podem esgotar-se dentro de alguns anos, se coletivamente não forem estabelecidos padrões de consumo consciente. São várias as vantagens de se adotar um consumo energético mais eficiente.
Citamos abaixo as mais significativas:
- Poupança nas faturas de eletricidade.
- Diminuição do uso de fontes de energia não-renováveis, como o petróleo e o gás natural.
- Redução da emissão de gases com efeito de estufa, libertados durante a combustão de determinadas fontes de energia.
O certificado energético tem como objetivo avaliar e classificar o desempenho energético de um imóvel. A sua escala possui 8 classes: A+, A, B, B-, C, D, E, F G. A classe A+ caracteriza um edifício com melhor desempenho energético e a G, um imóvel de pior desempenho. Ou seja, quanto mais próximo das primeiras classes, melhor o desempenho da edificação.
Convém mencionar que o que determina a classe energética de um imóvel são:
- O ano da construção.
- A localização do imóvel.
- O tipo de habitação.
- O piso e a área de habitação.
- A constituição dos envolventes (paredes, coberturas e pavimentos).
- Os equipamentos de climatização (ventilação, aquecimento e arrefecimento).
- Os materiais associados à produção de águas quentes sanitárias.
Flexibilidade de formas
Uma outra propriedade interessante da parede de hiperadobe é a maior liberdade de forma em planta. Faz sentido fazer paredes portantes curvas para atingir ainda mais estabilidade estrutural através da própria geometria.
Cuidados a serem tomados com hiperadobe
Como em outras técnicas de construção com terra, é essencial fazer alta e impermeabilizada base e grande beiral para evitar o contato com umidade constante.
Isso também afeta a lógica de produção de obra. No momento de erguer as paredes é necessário proteger elas da chuva, porque o telhado vai se apoiar nas paredes já prontas.
Por isso, é recomendável executar a obra na época seca do ano e fazer uma camada de argila de proteção de paredes, que depois serve como base para o reboco.
Bsabess Earthen Ecodome House em Benslimane, Marrocos por Ecodome Maroc.
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Certificação
- Manual ABNT NBR 15401 Boas Práticas Ambientais – Ambiental (2004)
- Manual ABNT NBR 15401 Boas Práticas Ambientais – Economia (2004)
- Manual ABNT NBR 15401 Boas Práticas Ambientais – Implementação (2004)
- Manual ABNT NBR 15401 Boas Práticas Ambientais – Indicadores (2004)
- Manual ABNT NBR 15401 Boas Práticas Ambientais – Sócio-Cultural (2004)
- Manual ABNT NBR 15401 Boas Práticas Ambientais – Indicadores de Desempenho (2004)
- Manual ABNT NBR 15401 Boas Práticas Ambientais – Guia de Interpretação da Norma Meios de Hospedagem (2004)
Roberto M.F. Mourão / ALBATROZ Planejamento
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